sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ex-libris



Queiramo-lo ou não, acabamos por criar rotinas. Umas melhores, outras piores, diga-se em abono da verdade.
Uma das rotinas que criei, há muitos anos, é a identificação de livros.
Quando os compro, insiro neles o nome, a data de compra, o preço e o local onde o comprei. É sempre divertido, passados anos, relembrar as livrarias que frequentámos, é sempre triste constatar as que fecharam, é sempre interessante comparar o evoluir dos preços e, por vezes, é uma alegria encontrar em casa de um amigo um livro esquecido.
Durante alguns anos, esta rotina passou por usar um ex-libris. Um autocolante feito por mim, com o meu logótipo, onde acrescentava data e preço. E insistia com os vendedores para deixarem a etiqueta da livraria.
O tempo passou, os autocolantes gastaram-se e nunca os renovei. Regressei, assim, ao sistema clássico de tudo escrever à mão na primeira folha.
Hoje tropecei num desses.
Sendo que trago sempre um livro comigo, que caiba no saco que uso, acabei um ontem: “A quinta dos animais”, de George Orwell.
Hoje, antes de sair de casa, procurei outro que, estando numa das pilhas de “para ler”, coubesse no meu saco do dia-a-dia. Calhou me sorte ser o “La imagen precária”, uma tradução em castelhano do original em francês de Jean-Marie Schaeffer.
Interessante de notar é que há quinze anos ainda usava os ex-libris, que há quinze anos frequentava esta livraria, que há quinze anos este livro custava 2295 escudos (onze euros e troca o passo) e que hoje este livro, se se vendesse em Portugal, custaria talvez o dobro.
Tal como é interessante constatar que este livro, sendo ao que sei uma referência na matéria, passou tanto tempo numa pilha de “para ler”.
Tenho que passar a rever essas pilhas com mais frequência!

Nota extra: este pedaço do que sobra de um talão de embarque da TAP e que estava a marcar duas páginas algures no primeiro terço do livro, diz-me ainda que foi levado como livro de cabeceira numa ocasião em que fui em serviço à Madeira. Por um qualquer motivo, quando regressei não lhe retomei a leitura. Não vou repetir o erro.


By me

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