Há três anos foi
mais ou menos moda: o planking.
Do que recordo de
então ter lido, terá surgido de um grupo de estudantes britânicos que queriam
provocar quem estivesse por perto. Vai daí, num local combinado e a um sinal
combinado, deitavam-se no chão ou onde quer que fosse, empranchados e sem
motivo aparente, provocando os olhares curiosos de quem estava ou passava.
Terá a moda
passado para a Austrália que, como sabemos, não é conhecida por ser moderada
nas práticas dos seus cidadãos. Aí a moda alastrou de modo diferente:
Continuando a
assumir uma posição empranchada, o desafio era fazê-lo nos lugares mais improváveis
ou de maior risco e fazerem-se fotografar. Divulgando de seguida a imagem do
feito.
Tornou-se notícia,
também por cá, quando um jovem o quis fazer na balaustrada de uma varanda alta
e caiu. Fatalmente.
Tomei conhecimento
da moda por uma reportagem televisiva que contava o acidente e a história da
moda. E achei-lhe graça.
Achei graça à
irreverência, não tanto aos riscos corridos, naturalmente.
E achei que
poderia ser um projecto pessoal, fotograficamente falando. Fazer-me fotografar
nessas circunstâncias. Seria como que uma série de auto-retratos, feitos onde
calhasse. O desafio seria o conseguir fazê-lo, mantendo a minha própria
integridade física e conseguindo-o em modo
solitário, recorrendo a um pequenito tripé e a uma câmara de bolso.
Fiz umas quantas.
Uma mais arrojadas, outras nem tanto.
Como esperava, a
coisa não foi inconsequente. Para além de alguma chacota por parte de alguns
conhecidos e olhares estranhos por parte de muitos desconhecidos, houve ainda
um compinhcha que decidiu alinhar na ideia. Com mais preparação física, fez
algumas mais arrojadas e/ou difíceis de executar.
Foi divertido mas,
e como todas as modas, morreu de velha, com pouca glória (que não queria) e muito
olvido.
Sobrou a história
desta fotografia em particular.
Uma noite diz-me
um colega de trabalho:
“Eh pah! Já viste
que está uma fotografia tua na revista “tal”?”
Tratei de ir saber
e lá estava. A ilustrar um artigo sobre os perigos de uma moda maluca e de como
alguns arriscam a vida por uma fotografia estúpida.
Não gostei. Nem um
nico!
A fotografia fora
feita por mim, da minha pessoa e a sua colocação on-line permitia (e permite)
uma fácil identificação de quem a fez. Não gostei que se tivessem limitado a
usar, para fins comerciais, sem uma palavrinha que fosse. A informar do uso, a
solicitar o uso ou, em último instância, a propor algo em troca do uso.
Entrei em contacto
com o director da revista em causa, que até pertence a um conceituado e grande
grupo português de media.
Não foi fácil
obter resposta, que até nem veio do próprio mas de um subalterno. E o que
recebi foi um conjunto de justificações esfarrapadas, de pouco ou nenhum valor ético
ou legal. Só quando puxei de galões e esclareci o onde trabalho surgiu um
pedido de desculpas e a fotografia, bem como o artigo, foram retirados da
publicação on-line. Ao que sei, nunca chegou a sair na versão impressa.
Serve esta
história, pequenina e sem grande importância, para demonstrar como qualquer
coisa colocada on-line pode e é usada à revelia de qualquer ética por qualquer
um. E se enquanto for usada para fins meramente lúdicos pode até ser um
reconhecimento de mérito a quem a fez, já quando se trata da imprensa, cujo
objectivo é ganhar dinheiro, a coisa fia mais fino.
E acrescento que
não adianta muito a colocação de uma identificação na imagem. Qualquer um,
sabendo uns nicos de edição fotográfica, a disfarça até deixar de ser perceptível.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário