Antigamente eram
os autógrafos. Conheci gente que nunca largava o livrinho de autógrafos, com o
qual importunava quem quer que fosse famoso para nele deixar a sua rubrica.
Na mesma categoria
ficam os livros autografados. Há quem não perca uma oportunidade de conseguir
um livro autografado. E se com dedicatória então… perfeito. Claro que autores,
editores e livreiros aplaudem o gesto, que a cada autógrafo é um exemplar que
se vende.
A moda, hoje, é
outra: selfies!
Quem quer que
queira ser alguém tem que ter uma selfie com algum famoso, alguém que admire.
Depois… bem, depois é divulgar a respectiva nas redes sociais ou tê-la sempre à
mão no smartphone actual. É-se alguém, hoje em dia, se se for visto com alguém
famoso. A fama dele escorre para nós através da tinta da caneta ou dos fotões
registados.
Não tenho fome da
fama dos outros. E não tenho testemunhos de com eles ter estado ou interagido.
Talvez porque, e desde
que me conheço, vou lidando com o fabrico de testemunhos, escritos ou fotográficos.
E porque, por isso mesmo, sei como são fúteis. Ou falsificáveis.
Talvez porque
entendo que os momentos memoráveis na presença de grandes, realmente grande, são
mais para serem vividos que para serem testemunhados. Afinal, a fama e a glória
é deles e não minha.
Talvez porque por
perto já passaram tanto e tantos grandes e Grandes que já lhes perdi a conta.
Uns das artes e das letras, outros da política, outros da religião, outros do
desporto… alguns vieram ter onde eu estava, outros fui eu ter com eles, num
mecanismo de vantagem recíproca.
Mas, e essa será a
principal razão, porque entendo que não preciso de testemunhos materiais para
provar a terceiros as minhas próprias memórias ou vivências. Que se a minha
palavra não for suficiente, então não adiantará contar o que quer que seja,
seja com que testemunhos forem. Que aquilo que tenho verdade é-o, acreditem ou
não.
Foi verdade, e sem
documentos que o demonstrem, que agredi uma grada figura da nação. Não foi
propositado, mas aconteceu, tornando-me, provavelmente, no único profissional
da área a fazê-lo e ficar inteiro para o contar.
Também foi verdade
que uma grada figura do mundo do espectáculo me deve a vida. Não gosto dele, foi
um gesto instintivo o premir do botão, mas aconteceu. Mesmo que ele não goste
que se conte a história.
Mas o ponto alto,
do qual não tenho testemunhos materiais, foi ter estado com gente realmente
Grande. Ao mesmo tempo, em frente da minha objectiva e por mais de uma hora, Sebastião
Salgado, Chico Buarque e José Saramago. Mais que testemunhos, sobra-me a
recordação de me ter sentido tão pequenino junto daqueles três gigantes.
E se bem que aqui
possa partilhar destas histórias, mesmo que sem provas documentais, o mais
importante foi o tê-las vivido. Estas e outras. À medida do ofício e das
oportunidades, tal como todos têm à sua própria medida e igualmente
importantes.
Testemunhos? Nah!
Bem sei como se fazem ou fazem de conta que fazem. E se eu não acreditar em
quem mo conta, não serão testemunhos que me farão mudar de opinião.
By me
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