A fotografia não é
uma representação da realidade!
Na melhor das hipóteses,
será uma representação da realidade mental de quem a fez, exprimindo sensações
e memórias.
Há, no entanto,
uma fronteira entre o registo do que existe e o exibir o que nunca existiu mas
que foi sentido.
Essa fronteira
acontece aquando da exibição!
Quando digo, ao
mostrar uma imagem, “Isto foi o que aconteceu!” estou de um lado da fronteira.
Quando eu digo, ao mostrar uma imagem, “Isto foi o que senti!”, estou do outro
lado.
Esta fronteira tem
que estar razoavelmente explícita, mesmo que implícita, perante quem vê a imagem.
Uma imagem
parcialmente em cores, parcialmente em preto e branco não engana ninguém: é uma
expressão plástica de sentimentos.
Uma imagem de um
cenário bélico, feita por um fotógrafo credenciado e honesto também não engana
ninguém: aquilo aconteceu mesmo. Pese embora todas as opções técnicas e estéticas
que possam ser usadas.
Já complicado é,
por exemplo, o recurso ao HDR. Se pode ser usado para evidenciar contrastes e
cores que, aquando da tomada de vista, não foram possíveis de registar porque o
equipamento não tinha possibilidade para tal, quando se ultrapassa esse limite,
e antes de se entrar na assumida fantasia, o terreno é pantanoso. E é legítimo
quem vê questionar “Era mesmo essa luz? Ou andaste a inventar?”
Por mim, que
procuro não me afastar da realidade fotográfica (mesmo quando invento situações
que fotografo), incomoda-me que me perguntem “Isso foi com o photoshop, não
foi?”
Nos tempos que
correm e com as facilidades de edição disponíveis, já é difícil dar crédito às
imagens que vemos enquanto reproduções de uma situação real. Porque cada vez
mais se usam das técnicas de laboratório digital para transformar a realidade
em ficções desejadas, exibindo-as como se realidade se tratassem.
O erro ou embuste
não está na alteração da realidade fotografada. Que se a ficção e o sonho não
fossem legítimos, a vida seria uma sensaboria.
O “crime” está em
mostrar o falso como real, em enganar quem vê.
Tenho por dogma
que não há imagens erradas, mal feitas ou “mentirosas”. O que existe, antes
sim, é a forma como são mostradas e a classificação que lhes são atribuídas.
A imagem aqui
exibida é um exemplo clássico da “mentira fotográfica”.
Alguém que caiu em
desgraça (na verdade, foi preso e executado) e que foi apagado das imagens
oficiais.
Mas entre isto que
aqui vemos e que foi “roubado” da net, e a miríade de outros exemplos não tão
violentos com que somos confrontados diariamente nos media (nas suas diversas formas
e suportes) e nas redes sociais, a diferença está apenas na desfaçatez da
mentira e na forma como é apresentada.
By me
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