Incomoda-me,
bastante para além do tolerável, ver como as actuais comunicações moveis se impõem
nos relacionamentos humanos.
Já nada digo sobre
os olhares que me lançam quando digo que não tenho telefone celular (ou telemóvel).
É mentira, porque o tenho, mas não me apetece ter o meu número por aí
disseminado para ser interrompido quando apetece a alguém, para uma qualquer
campanha comercial.
Também não é
particularmente cordial o interromperem-se conversas ou qualquer outra
actividade social porque surgiu uma chamada telefónica ou chegou uma mensagem.
O mundo pára e tudo perde importância perante o aparelhómetro, ficando os
demais para segundo plano. Presumindo que continuam a existir nas mentes de
quem assim procede.
Nos tempos que
correm, e para além das comunicações por voz, interpõem-se as comunicações das
redes sociais. O acesso a esta ou aquela rede não está no bolso mas na mão,
permanentemente e sobrepondo-se a quase tudo o resto.
Um destes dias, numa
cantina, a pessoa que estava à minha frente a colocar o almoço no tabuleiro ia
entretida a ver o que acontecia num desse aparelhos moveis e numa dessas redes
sociais. Por aquilo que pude ver, não estava a interagir com ninguém ou
concentrado numa página específica: apenas ia descendo a página, vendo de
relance o que nela constava.
A sua concentração
nessa actividade era tal que os que atrás dele estavam já quase bufavam (eu
bufava) pela demora em avançar.
Em chegando
finalmente à caixa para pagamento, nem sequer olhou para quem estava a fazer o
registo e a cobrar: ficou ali parado, olhando para o telemóvel, enquanto a mocinha
olhava para ele, à espera que lhe fosse entregue a quantia já anunciada. Nada,
que o facebook era mais interessante.
Fui além do bufar
e agi!
Dando-lhe uma
cotovelada no braço que segurava o aparelho, tirando-o da sua linha de visão,
perguntei-lhe meio agressivo:
“Se fosse ela a não
lhe prestar atenção, e fosse você ficasse à espera que o atendesse, que reacção
teria? Largue lá essa m…, siga a sua vida e não atrapalhe os outros!”
Se o seu olhar
disparasse eu teria sido transformado em passador de rede!
Não largou, mas lá
seguiu, pagando e deixando os outros fazer o mesmo. Mas bufava mais que todos
nós, atrás, em conjunto.
Não tenho muita
paciência, aliás não tenho paciência alguma, para estas situações.
By me
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