Encontrámo-nos
por mero acaso junto à igreja de São Domingos, em Lisboa: eu de passeio, ele em
trabalho.
E
enquanto esperava ele que saíssem os fieis para um “voz populi”, ficámos à
conversa sobre os tempos idos e os tempos presentes.
Enquanto
ali estivemos, quatro ou cinco aproximaram-se de nós por um cigarro. Todos
daqueles que por ali costumam estar, mesmo depois do anoitecer e já com vários
grãos na asa.
Um
deles, depois de receber o que pedira e de um início de conversa forçosamente
atabalhoado e p’lo próprio reconhecida como já confusa, quis-lhe agradecer a dádiva
com um aperto de mão. Que o meu interlocutor recusou, não muito
disfarçadamente.
Quando
ficámos só os dois, ouvi-lhe:
“Pois!
Somos todos iguais, mas uns mais limpos que outros, caramba. Sei lá por onde
andou ele com as mãos!”
Quando,
muito pouco tempo depois, me afastei, foi a sua vez de ficar com a mão
estendida e vazia.
É
que, caramba digo eu, acredito que a sua mão estivesse limpa. Mas a sua mente,
essa, bem p’lo contrário.
By me
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