domingo, 17 de fevereiro de 2013

De manhã




Faz parte da minha rotina matinal o dar uma olhada nos jornais on-line.
Passo os olhos pelas “gordas” e aprofundo o que lá consta. Em várias, se houver tempo, só nalgumas se ele for escasso.
É uma rotina que deveria evitar fazer. Sabemos que os media não primam por notícias de coisas boas e começar o dia lendo e sabendo coisas más não será propriamente a melhor forma de acordar. Mas é um vício antigo…
Hoje fiquei logo desperto com duas, que li a fundo. Ambas falam de algo que aconteceu, como a grande maioria das notícias, mas que dão indícios seguros sobre o que irá acontecer.
Uma delas diz-me directamente respeito. A mim e aos que comigo ombreiam na empresa onde trabalho. E se as nuvens de tempestade têm pairado lá por cima, agora ficam ainda mais negras. Por muito optimista que possa ser, prevejo dias muito difíceis, ainda mais, para breve.
A outra fala sobre algo que acontece do outro lado do atlântico, em jeito de ficção científica, mas que é uma realidade assustadora. Uma antecipação de um futuro Orwelliano. E que acontecerá por cá assim que os custos de produção baixarem e o estado policial e as questões de segurança passarem a ser uma prioridade governamental. Ou antes disso, talvez.
Refiro-me a um artigo do jornal Público onde se conta sobre a utilização de “Drones” – aviões não tripulados – para acções de vigilância e intervenção policial. Em breve deixaremos mesmo de poder assomar à janela logo de manhã para ver como está o dia. Algures ficará isso registado, numa base de dados imensa onde a vida de cada ser humano estará escrutinada e sistematizada.
A privacidade é cada vez mais uma recordação do passado. E desaparecimento da privacidade, seja às mãos de um estado policial, seja às mãos de empresas privadas, é um dos factores que põe em risco a democracia. E, com isso, a liberdade.

Resta-me a consolação pessoal de saber que a massificação do fabrico e uso desses aparelhos demorará algum tempo, talvez mais que o que tenho de vida.
Mas fica-me a preocupação sobre o que será a vida dos vindouros.
E se lá fora o dia está cinzento de chuva, aqui dentro já troveja!

By me

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