sábado, 23 de fevereiro de 2013

Dandy




Não é fácil de me acontecer, mas de quando em vez lá estou eu neste dilema: não sei qual a palavra certa para usar.
Em português a que me vem à cabeça é “Pedante”, mas não me soa bem no caso.
Em seguida recordo dos termos “Snob” e “Dandy” em inglês, velhos de séculos, cujo rigor no caso não sei como exacto.
Seja como for, “Dandy” é a que me soa melhor.
Isto a propósito de alguns jovens (se fossem de origem africana ou cigana, se vivessem em bairros degradados e se tivessem cometido algum crime, os jornalistas chamar-lhes-iam “homens” ou “mulheres”) que, tendo “nascidos em berço d’oiro”, mantêm a contestação própria da sua idade, contra o sistema, a geração anterior e a situação da sociedade, mas sempre com a dualidade de não contestar muito para não porem em causa as suas próprias origens e status.
São genuínos nas suas atitudes, são sinceros nos seus gostos e desgostos, são honestos nas suas opiniões. Mas debatem-se, talvez que sem saberem, numa dualidade que os transforma em contestatários híbridos, com opções de vida e de classe contraditórias.
E gosto destes Dandys!
Que se não deixaram formatar por completo p’las origens e educações familiares, que pensam p’las suas próprias cabeças, mesmo que com emoções contraditórias.
Quando os tenho por perto faço o que posso, com o activismo da palavra e do exemplo, para lhes limpar o que reste das imposições familiares, dos tabus sociais, dos atavismos ancestrais.
Não é trabalho fácil, que há que abordar devagarinho, sem entrar em demasiado confronto com algumas ideias ou conceitos quase genéticos.
Mas é um jogo se subversão ou sedução sócio-política delicioso, que nalguns casos me proporciona vitórias divertidas e importantes.
Até porque, e isto nada tem de novo, as revoluções só vingam quando as mentalidades mudam.

By me

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