Em 1982 estive em
Espanha, ao serviço da TVE, para a transmissão do campeonato do mundo de
futebol.
Numa das raras
manhãs que tive livre fui visitar um museu local que, por ser tão cedo, se
encontrava quase deserto. E um dos poucos visitantes que por lá deambulava era
um jovem da minha idade, com quem acabei por estar à conversa.
De origem
Argentina, tinha terminado o curso de medicina e o pai, de prémio,
oferecera-lhe uma viagem à Europa.
Na altura a guerra
das Malvinas era um tema dominante e aproveitei o ensejo de saber em primeira mão
a opinião de quem se defrontava com a Grã Bretanha, bem como o que se passava
naquilo a que por cá chamavam “ditadura argentina”.
E, a dada altura,
diz-me ele com a maior das naturalidades:
“Nós? Claro que
somos livres! Podemos sair à noite e tudo!”
O conceito de
liberdade é algo de particularmente relativo. Tal como o de falta dela. E o que
fazemos para a obtermos ou não perdermos.
Por exemplo: neste
momento celebro o ter regressado à condição de “cidadão livre”. Podendo, após
umas horas, dizer o que se passa ou como me sinto. Enquanto escrevo estas
linhas, bato-me com o que se vê na imagem. Com a certeza que não serão as mais
normativas ou ameaçadoras rolhas que “cortarão a raiz ao pensamento”. Nem
inibidoras de rebeldia.
Ser livre não é
uma condição nem se decreta ou se proíbe!
É um estado de
alma e uma forma de estar na vida. Sabendo, naturalmente, que haverá sempre um
preço a pagar pelas opções que tomamos.
By me
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