domingo, 2 de dezembro de 2012

Poder e responsabilidade




Pouco sei de extracções, próteses, obturações ou anestesias. Apesar disto e de não ter paciência para as salas de espera dos dentistas, tenho que lá ir com regularidade ou mesmo em caso de urgência.
É isto que me apetece dizer quando leio ou oiço alguém dizer que não percebe nada ou que não gosta nada de política.
Em boa verdade, tendo eu que lidar no dia-a-dia com muitos dos políticos ou com quem em torno deles orbita, também não nutro especial simpatia por muitos. O exercício do poder muitas vezes altera, senão a personalidade, pelo menos comportamentos e nem sempre para melhor.

Mas sendo a anarquia, enquanto conceito de organização (ou desorganização) da sociedade, uma utopia, temos que ter quem tome decisões sobre o colectivo, tanto no fazer das leis como no cumpri-las e na gestão da coisa pública.
Um notável político do séc. XX terá dito que a democracia é o pior dos sistemas sociais vigentes, se exceptuarmos todos os outros. Tenho que concordar com ele. Pelo menos nesta afirmação.
Mas deixar que sejam os outros a tomar as decisões sobre a nossa vida é, no mínimo, um acto de desistência da vida!
Quero ter uma palavra a dizer sobre a evolução da sociedade em que vivo e, consequentemente, sobre a minha vida. A de agora e a do futuro.
Pouco sei de macroeconomia, história política ou artigos da lei; os meus discursos são inflamados e pouco parlamentares; não sou pessoa de pactuar com golpes baixos ou jogadas menos claras.
Mas mesmo no meio do entulho brotam flores bonitas e essas eu quero aproveitar e desfrutar.
Em havendo decisões a tomar, eleições, eu participo. Posso não escolher o melhor mas apenas o menos mau. Pode até nem ser a melhor escolha. Mas serei (seremos) co-responsáveis sobre o quanto pagamos de impostos e o que acontece com eles, sobre o que se decide a propósito dos resíduos tóxicos, aborto ou morte assistida. Ou envio de militares ou penas judiciais. Ou sobre saúde ou o que se aprende nas escolas. Ou sobre o estado das estradas ou a actuação das forças de segurança. Ou o que podemos ler ou dizer!
Já me arrependi de decisões tomadas dentro da cabine de voto. Nunca de lá ter ido!

E, para aqueles que afirmam nada perceber de política e que por isso não votam, um velho ditado popular:
“O pior cego é aquele que não quer ver!”

By me

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