quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não!


Passei esta última semana a ser “benficado” e “papado” para além do suportável.
Levei com futebol e papa em casa, no trabalho, na rua, nos transportes… Em tudo quanto é sítio não se tem falado de outra coisa que não seja do título do Benfica a da visita do Papa.
Já não posso mais nem com um nem com outro assunto!
Pois ontem, tendo saído do trabalho a horas decentes, decidi ir jantar a um restaurante nas imediações. Confesso que foi um acto de gulodice, já que têm uns bifes com um molho que satisfazem o mais exigente.
Entrei para comer pouco passava das 19 horas. A casa estava praticamente vazia e o empregado disse-me para escolher a mesa que mais me agradasse, o que fiz.
E já tinha acabado bife, com as batatas, o pão e a cerveja preta, quando fui agredido. Violentamente! O bife lutou para sair pela abertura mais próxima e a cerveja manifestou-se no seu melhor!
É que um dos empregados, munido de um telecomando, entreteve-se a ligar os muitos e grandes televisores espalhados pela sala. Pior ainda, andou em busca e encontrou o canal que se preparava para transmitir um qualquer jogo de futebol. Bolas!
Vim eu para aqui para deixar de parte a televisão e o futebol e vou ter que levar com isso pelas trombas, quer queira quer não? Não quis!
Chamei o empregado e perguntei-lhe, com a pontinha de bom humor que ainda me restava do repasto, quanto me custaria se os aparelhos fossem apagados, pelo menos até eu sair.
“Que não podia ser”, responderam-me, “que tinham ordens superiores para os ligar sempre que houvesse jogo, fosse ele qual fosse.”
O bom humor diluiu-se face às ondas hertzianas e aos pontapés na bola. Pedi o café, a conta e o gerente. E, em chegando ele, expliquei-lhe o quanto e o porquê do meu desagrado por aquela agressão audiovisual. Que, ao menos, poderiam ter desligado aquele mais perto de mim, a uns meros quatro metros. Mas que, se essa era a sua política para chamar mais clientes, pela parte que me tocava tinham perdido um regular. Gosto da comida que ali me servem, mas detesto ter uma indigestão por ser obrigado a ver televisão durante as refeições!
Paciência para o bife e o seu molho, tal como paciência para o meu pecado da gula. Posso não saber, ao certo, aquilo que quero da vida, mas sei, muito bem, aquilo que dela não quero! E misturar pão com circo televisivo não quero!

Texto e imagem: by me

1 comentário:

Luísa disse...

E com muita sorte a televisão estava aos berros para que as pessoas consigam ouvir o relato a 10 km de distância... :S