Não sei o seu nome. Aliás, nunca falei com ele. Pensando bem, nem nunca o vi a falar com quem quer que fosse.
Todos os dias, ou quase, este homem se senta num banco do Jardim da Estrela, com ar muito calmo e pouco ligando ao que ou quem o cerca, e ali se deixa ficar.
Com movimentos lentos, de quem não tem pressa para coisa alguma, espera pacatamente que a sua companhia chegue. Esta, em número elevado, não tarda a comparecer ao encontro, ficando por ali e esperando, à vez, o obter o sabido: comida.
Porque este homem tem sempre no bolso não sei se pão ralado, se milho, se arroz, mas sempre algo que os pombos gostam e comem. E, deixando-se pacatamente agarrar, comem na mão deste que, com seu ar severo, demonstra uma ternura enorme pelos alados invasores de jardins.
E se há algum que procura segunda dose ele, que bem os conhece, enxota-o para dar lugar a outro. Com muita calma, sem um pingo de agressividade.
Não sei o que fez ou faz este visitante regular do jardim. Mas suspeito que muito bem deve conhecer o Homem, para tão bem se dar e gostar dos animais!
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