Do que aqui está exibido, o que é que possuo?
Possuo a película original em que foi registada a luz reflectida por estes corpos e matérias. Em exclusivo!
Possuo a memória de as ter efectuado: em que circunstâncias, em que datas, o que as antecedeu e sucedeu. E isso é meu!
Possuo a autorização para as efectuar, já que em qualquer dos casos conheço ou conheci as pessoas retratadas. O fazer destas fotografias resultou de uma cumplicidade entre fotógrafo e modelo, agindo um em função do outro. Foi um tempo e vivências minhas! Nossas!
Mas será que eu sou o dono integral destas fotografias? Será que o simples acto de fazer um click e aqui as publicar é um gesto legítimo? O simples facto de possuir a matéria que reproduz uma experiência comum, será me dá o direito de a partilhar desta forma?
E se as fotografias tivessem sido efectuadas à sorrelfa, sem autorização dos retratados? Poderia eu exibi-las da mesma forma? Os originais continuavam meus, o acto de fotografar continuava a ser meu, mas…
O possuir uma fotografia - simples reflexo meio pavloviano do desejo de possuir algo ou alguém ou alguma situação – não me dá o direito de o divulgar à toa, em qualquer circunstância e por qualquer meio. Existe uma obrigação ética e moral de respeitar a pessoa fotografada e de, no mínimo, questioná-la sobre a sua vontade em divulgar as suas fotografias.
Na sociedade de informação em que vivemos, onde a imagem é a imperatriz, não é por estarem banalizados os meios de produção e reprodução de retratos que os podemos usar e abusar a nosso bel-prazer.
O simples facto de aqui publicar quatro retratos, quatro interpretações pessoais de quatro pessoas, sem as suas autorizações, é uma agressão aos retratados. E, por isso, corro o risco de ser questionado e responsabilizado.
Posso partilhar o que é meu. A imagem de outra pessoa só em parte me pertence!
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