quinta-feira, 31 de julho de 2014
Na plateia
Gosto de estar
sentado na plateia a ver os lobos a devorarem os coiotes, tendo por fundo as
hienas a rirem e os linces à espera dos despojos.
A mãe-natureza é
pródiga em espectáculos.
Mau mesmo é quando
a companhia é de má qualidade, com duas no lugar de quatro patas, e o sangue
espirra para cima do público.
O sangue e o
veneno, que neste circo animal o que não faltam são as víboras.
By me
Moedas
Por estes dias muitos
são os que usam os meios de comunicação ao seu alcance, redes sociais incluídas,
para fazer ouvir a sua voz sobre o que acontece na Palestina. Ou sobre o BES.
Ou sobre a acusação a um político. Ou sobre o avião que caiu. Ou sobre as férias
que se aproximam. Ou sobre a opípara refeição que tiveram. Ou sobre a fofura do
bichano. Ou sobre…
Não oiço falar da
minha vizinha do bairro que hoje de manhã pediu quatro papo-secos no café-padaria
mas que só ia levar dois, que os trocos não chegavam para mais.
Levou quatro,
naturalmente.
Hoje é o último
dia do mês.
Bom almoço!
By me
Imaginação?!
Conseguem
imaginar o que seria se caísse um avião, pejado de passageiros, em Lisboa ao
aterrar?
Entre
mortos e feridos, os hospitais não teriam mãos a medir com as vítimas.
Agora
imaginem que logo antes do acidente haveria um enorme apagão na cidade,
deixando-a sem energia eléctrica. Seria o bom e o bonito nesses hospitais, não?
Agora
transfiram a vossa imaginação de Lisboa para Gaza. Lembrem-se dos bombardeamentos
de artilharia e da aviação.
E
imaginem o que por lá acontece depois de ter sido deliberadamente bombardeado o
reservatório de combustível que alimenta a única central eléctrica da zona.
Lembram-se
de algum adjectivo que classifique isto? Eu lembro-me de vários.
.
Não!
O
conceito de “imposto” é, na sua raiz, cheio de bondade.
Cada
um, na medida das suas capacidades, contribuir para o bem comum. Justiça,
educação, estradas, segurança, saúde, cultura… faz sentido.
Claro
que todos nós, cada um à sua medida, não gostamos de pagar impostos e, também à
sua medida, foge disso como o diabo da cruz.
Vai
daí o estado, na sua qualidade de cobrador de impostos e gestor da receita daí
proveniente, trata de encontrar formas de cobrar e arrecadar tudo quanto pode.
E até o que não pode.
Pois
surge ele agora com uma ideia que, não sendo nova, parece ir ser posta em prática:
cobrar uma taxa sobre as capacidades de armazenamento de informação dos aparelhos
digitais. Discos rígidos, pens, tablets, telemóveis… Tal como cobra agora sobre
fotocopias.
Diz
a notícia, e já antes era esse o argumento, que com isso se irá ressarcir os
autores das piratagens e cópias ilegais que são feitas.
Não!
Definitivamente não!
Não
por questões éticas. Não por questões legais. Não por questões pessoais! Não!
Os
pagamentos de impostos ao estado são para o bem comum: todos pagam para que
todos deles beneficiem. Pagarem todos os que adquirirem um dado equipamento
para benefício exclusivo de uns poucos não é nem ético nem se enquadra no
conceito de sociedade em que vivemos.
Considerar
que pelo simples facto de se possuir meios de armazenamento de informação
implica que se esteja a arquivar dados provenientes de piratagem ou actos
ilegais é presumir que todos somos culpados desses actos. O conceito de justiça
que vigora na sociedade em que vivemos é exactamente o oposto: defende que
todos somos inocentes até prova em contrário.
Não
tem cada um de nós que pagar a terceiros para poder arquivar aquilo que nós
mesmos produzimos: sons, textos, imagens. Eu, que diariamente produzo imagens e
textos, da minha exclusiva responsabilidade e autoria, não tenho que pagar o
direito a poder arquivar o que faço. Nem ao estado nem a terceiros.
Não!
Definitivamente não!
Esta
medida, a ser posta em prática, além de presumir a culpabilidade universal, é
mais uma na linha de tentar que todos sejamos simples executantes, sem
capacidade criativa ou de originalidade.
Não!
Definitivamente não!
Não
aceito ser tratado como criminoso não o sendo.
Não
aceito ter que pagar ao estado (ou a terceiros) para poder criar o que quer que
seja e guardar isso mesmo.
By me
Bipolar
Da
minha janela, 8.30 da manhã, 31 de Julho
Muito
se tem brincado, em particular nos últimos tempos, com a eventual doença bipolar
de que São Pedro sofrerá.
Surge
isto com as alterações súbitas e não previsíveis ou habituais das condições
climatéricas e o atribuir ao dito santo a responsabilidade das mesmas.
Não
sei o São Pedro existe, não sei mesmo se há santos e, no que toca a clima,
sabemos que somos parcialmente responsáveis por aquilo que tem acontecido.
Mas
há uma coisa que não devemos esquecer antes de acusar um qualquer santo de
bipolaridade:
O
próprio planeta terra é bipolar!
By me
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Língua
Gosto à brava de
deitar a língua de fora a algumas pessoas.
Eu explico porquê:
Normalmente as
pessoas não gostam que lho façam e respondem por igual. O que, para mim é óptimo.
Porque assim, e
nalguns casos, fico a saber qual a cor dos sapatos dos seus chefes.
By me
Rapidinha
Desde que entrei
na fila até que terminei a plastificada e rápida refeição decorreram, talvez,
25 minutos.
No mesmo
intervalo, de acordo com números internacionais estatísticos e fruto da acção
directa ou de efeitos colaterais, morreu uma pessoa na zona de Gaza.
Caiu-me mal o raio
do almoço!
By me
Mensagens
Bera, mas bera
mesmo, é ser considerado ilegal e punível por lei o grafitar um espaço e ser
considerado legal a publicidade exterior.
Que se a primeira,
é uma expressão individual, mesmo que de qualidade duvidosa, ou mesmo uma
identidade grupal, já a segunda é uma agressão permanente a quem estiver no
espaço público, não sendo possível fugir aos permanentes apelos, quantas vezes
enganosos, a menos que andemos de olhos fechados.
Se os fabricantes,
através dos publicitários e painéis exteriores, nos podem quase forçar a
consumir os seus produtos, faz todo o sentido que cada indivíduo possa
publicitar as suas mensagens, quer de afirmação pessoal quer de identidade.
Claro que os
grafitys fogem ao controlo da moral pública, sendo muitos deles subversivos. E
isso é inadmissível!
By me
.
O
conceito de liberdade é tão relativo que fiquei sem palavras quando, em ’82 e
em Málaga, perguntei a um jovem licenciado em medicina se o seu país,
Argentina, era um país livre e ele me disse:
“Sim,
claro. Podemos sair à rua à noite e tudo.”
Nunca
mais encarei a liberdade da mesma forma.
.
Modernidades
…
e andam os artistas de hoje a baterem-se por DPI’s, grão, linhas por milímetro,
gammas, MP, etc.
Veja-se
o trabalho de um mestre pintor do séc. XIX
“Concert
Européen”, Georges Seurat
Não, Não!
Se me disserem que
tenho mau feitio não serei eu que irei desmentir.
Mas certo é que
desde que foi afirmado pelas autoridades nacionais que a venda da TAP acontecerá
até ao fim do ano e que surgiu alguém que diz que está interessado e que já está
em negociações com um parceiro estratégico, começaram a acontecer um conjunto
de episódios menos bons na companhia aérea.
Ou, se preferirem –
e eu prefiro – os media passaram a relatar a existência de percalços técnicos e
de organização.
Talvez que eu
esteja a ver mal as coisas, mas suspeito que esta mediatização de percalços fará
baixar o preço do negócio, coisa muito conveniente para o comprador. Que, por
mero acaso (?), está fortemente envolvido em negócios de comunicação social na
país.
Mas isto é a minha
opinião, que sou um tipo que tem mau feitio!
By me
terça-feira, 29 de julho de 2014
.
Aqueles
que andam por aí a apregoar que a caneta é mais poderosa que a espada nunca
estiveram debaixo de fogo.
.
Experiências
Foi
há já uns anitos: Estive numa das exposições que mais me marcaram, pese embora
não tenha visto coisa alguma.
Tratou-se
de uma exposição de fotografias para cegos, que decorreu no Museu do Regimento
de Sapadores Bombeiros, em Lisboa.
Impressas
em relevo, estavam acompanhadas de uma breve explicação em braile e em paralelo
com as fotografias “normais” e o mesmo texto escrito “normalmente”.
Os
visitantes dotados de visão eram convidados a colocar uma venda e percorrem a
exposição vendo aquelas imagens como os cegos as “vêem”: com a ponta dos dedos.
Assombroso!
Para mim, ligado desde sempre à produção e consumo de imagem visual, foi das
experiências mais elucidativas que vivi neste campo. E entendo que todos os
profissionais da imagem e da comunicação (ou candidatos a tal) deveriam ser
obrigados a passar por tal. Para que entendam na pele e na ponta dos dedos o
que é não aceder àquilo que produzimos.
Único
e inolvidável!
A
exposição integrou a iniciativa “Sentidos sem barreiras”, organizada pelo
Oculista das Avenidas e a Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a Associação
dos Cegos e Amblíopes de Portugal.
A
mesma câmara municipal que agora pretende demolir o museu e quartel, vendendo o
terreno que é fortemente cobiçado pelo hospital que lhe é contíguo. Mas que não
informa se pretende substituir e onde aquela infra-estrutura de socorro às
populações e de conservação da história da cidade.
Mas
suponho que seja bem mais importante o aumento da capacidade de um hospital
privado que a prontidão e capacidade de socorro de uma corporação de bombeiros.
Nota
extra:
Juro
que me é muito difícil pedir a um cego que me deixe fotografá-lo. Ou, bem pior,
fazê-lo sem que o saiba. Que fazer a uma pessoa algo que ela não sabe nem saberá
o que é…
By me
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Corridas
Só para que
conste:
Em relação a um
ponto fixo no espaço, deslocamo-nos a 103000Km/h, mais ou menos 1000Km.
Isto se não
considerarmos a deslocação do Sol na galáxia e a deslocação desta em relação às
demais.
E andas tu a
correr para quê?
.
Vergonha
É
raro o dia em que me não envergonho dos conteúdos mas também dos métodos
empregues nos media portugueses.
Mas
sendo certo que Portugal se transformou no país do “come e cala”, a vergonha é
algo que não assiste a muitos profissionais nem parece constar no código
deontológico.
By me
Normal
É
daquelas coisas: acordo e é segunda-feira. Acho que acontece de quando em vez a
quase toda a gente, mas tem graça constatar o fenómeno.
E
por ser segunda-feira (nos outros dias também) vou dar uma olhada naquilo que
os editores entendem como importante que saiba do que acontece no mundo e no país.
Nada de especial.
A
economia continua com problemas, nas suas diversas vertentes, os conflitos
armados continuam no seu rame-rame bélico nas diversas frentes de combate, o trânsito
está mais fluido nos principais acessos porque já estamos em época de férias e
prevê-se pouco vento. Normal.
Normal
o tanas!
Que
não é nada normal haver quem acorde numa segunda-feira sem saber o que vai
conseguir comer ou se vai conseguir pagar a renda.
Que
não é normal acordar numa segunda-feira e constatar que se sobreviveu esta
noite aos ataques militares.
Que
não é normal tantos acordarem numa segunda-feira, olharem p’rás notícias e
acharem normal crianças a serem bombardeadas.
Que
não é normal um organismo do estado passar dois meses sem pagar salários.
Que
não é normal um ex-primeiro-ministro não entender porque é que um banqueiro é
detido para interrogatório. Claro que achará normal a detenção de quem não paga
a segurança-social ou que levou sem pagar uns papo-secos.
Que
não é normal acharmos, numa segunda-feira, que está tudo normal.
E
que, depois de sabermos que o mundo está normal numa segunda-feira de manhã,
sigamos para as fofoquices on-line, ou as conversas da treta com os conhecidos
de ocasião ou de longa data, que também acham que está tudo normal.
Normal
o tanas!
By me
domingo, 27 de julho de 2014
.
E
para aqueles que dizem:
“Que
chatice! Não tenho nada p’ra fotografar!”, só lhes respondo o seguinte:
Guardem
a câmara e dediquem-se à criação de caracóis ou quejando.
Que
enquanto houver luz há o que fotografar.
Infelizmente,
o que abunda são olhos fechados.
.
.
Há
que tomar de assalto o poder mediático antes que o poder económico e o poder
político destruam de vez o poder do povo!
.
Sem fotografia
Ao
sábado à noite há que divertir, que ser livre e libertino. Ao sábado à noite há
que conquistar e ser conquistado. Ao sábado à noite há que beber e ser bebido. A
correr. Antes que a noite de sábado acabe e com ela a liberdade.
Que
no domingo há que servir o senhor da igreja e os senhores da família. E nos
dias que se seguem há que servir os senhores do trabalho e os senhores do
dinheiro.
Até
à noite do sábado seguinte.
A
liberdade consome-se numa noite e a correr.
Mais
depressa no verão, que as noites são mais curtas.
Nota
– Não tenho fotografias de sábado à noite.
By me
sábado, 26 de julho de 2014
Cigarros
É verdade que sim:
sou fumador.
Também é verdade
que de há uns anos a esta parte sou eu que faço os meus cigarros.
Comecei a fazê-los
meio por brincadeira, meio por motivos económicos, gostei do resultado e venho
mantendo o hábito. De manhã, ou à noite antes de me deitar, trato de encher os
tubos, que compro feitos, com o tabaco já cortado que compro em latas, usando
para tal uma maquinetazinha muito simples completamente manual.
Este tempo que
gasto, melhor, este tempo que uso a encher cigarros é um daqueles momentos em
que, devido a ser uma actividade completamente manual, automática e a não
necessitar de qualquer esforço intelectual, deixo a mente vogar para onde lhe
apetece, umas vezes a completar um qualquer puzzle de uma qualquer ideia, outras
a aquilatar do tempo recente, outras ainda pensando em coisa alguma. Uma espécie
de momento zen diário.
O fornecimento de
tabaco e tubos é feito num café aqui da minha rua. Uma vez por semana o
fornecedor abastece o café, uma vez por semana abasteço-me eu, que a dona, em
tendo-me cliente certo, guarda-me as latas e a caixa.
Esta semana houve
um percalço: em chegando e perguntando p’la “latinhas”, disse-me ela que a
carrinha do fornecedor tinha sido assaltada, levando-a e ao conteúdo. Não tinha
tabaco p’ra mim.
Um incómodo p’ra
todos: o dono da carrinha com o prejuízo do assalto, a dona do café com a
mercadoria que não vende, eu com o que não compro. O meu problema era, ainda
assim, o menor: costumo estar adiantado uns dias no que tenho em casa, p’lo que
não “ficava apeado”. E disse-o à senhora.
Pois a boa da
senhora, em sendo rendida a meio do dia p’lo marido e filho no balcão, tratou
de ir ela mesma ao armazém que vende estes produtos para se abastecer.
De acordo com ela
e por azar, havia de tudo menos do que eu consumo. E foi ela a um outro, tendo
uma margem de lucro inferior, só para não deixar de vender a um cliente
regular.
Chama-se a isto
sentido do negócio, chama-se a isto tratar bem os clientes, chama-se a isto ser
simpática. Que ela sabe que na semana seguinte lá estaria eu de novo.
Se não fosse eu cliente
habitual e estes pequenos nadas fazer-me-iam sê-lo.
Assim se
encontrasse este tipo de atendimento nas grandes superfícies e em algumas
lojas, onde mais um, menos um cliente é indiferente.
Viva o comércio de
proximidade!
By me
Pergunta
Claro
que se impõe a pergunta:
“E
para que servirá o diacho do carro sem a caixa de velocidades, se a vendem?”
E
sim, os números foram pudicamente apagados.
By me
De manhã, a memória
Volta
e meia, quando estou menos “inspirado” logo de manhã, recorro aos arquivos para
manter o fluxo de publicações. Ou “copy/past” ou como dica para algo de novo. Foi
o caso hoje.
Tratei
esta fotografia e deixei-a pronta para publicar. Mas achei que seria pouco. Ela
mesma ou o que em torno dela encontrei para dizer. E fui aos arquivos do que
tenho publicado.
Tropeço
numa crónica, já com uns oito anos, que, por si mesma, nada tem de especial.
Comportamentos positivos e solitários de terceiros que, a troco de coisa alguma
e apenas porque lhes apeteceu, fizeram algo por desconhecidos. Por si mesma
nada tinha de muito especial.
O
que me despertou a atenção foi um comentário então deixado feito por um
compincha da net, com quem estive uma meia dúzia de vezes.
Tornou-se
ele uma referência no meu próprio percurso. As suas fotografias, as suas opiniões
e saber sobre a vida, as interacções, a pedagogia, a filosofia, as políticas
praticadas e anunciadas… Os seus textos e comentários, mesmo que pontualmente
dele discordasse, eram sempre para serem lidos ou ouvidos com atenção e
pensados com convicção.
Morreu,
há uns meses.
A
logística da distância dificultou a minha presença nas exéquias, tal como nas homenagens
que a sociedade em que se inseriu lhe prestaram e prestam. Mas, e ao mesmo
tempo, simplificou-me a vida.
Que
não estive naqueles momentos pungentes das despedidas para sempre, que marcam e
cuja memória, por vezes, se sobrepõe ao que de facto foi importante na sua
vida.
Egoísmo,
talvez.
Hoje,
em olhando para o arquivo, tropeço num comentário seu. Este é um pedacinho:
“Uma
das técnicas mais conhecidas de condicionamento é reforçar os comportamentos
adequados, premiando-os.”
Muito
egoisticamente guardo para mim o seu nome.
By me
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Publicidades
Convenhamos
que não será normal usar como argumento de venda de um refrigerante o conceito “está
na moda”.
Mas
certo é que está na moda a moda de consumir modas, para além daquilo que,
efectivamente, se está a consumir.
By me
Trocas fotográficas versão 2.0.5
Trocas
fotográficas, versão 2.0.5
Troco
Alguns
conhecimentos fotográficos
Por
Não
importa o quê, desde que feito pelo próprio.
Data
– Domingo 3 de Agosto 2014, 14.30 horas
Local
– Esplanada do Jardim das Amoreiras, entre a Mãe d’Água e a Fundação Arpad Szenes
- Vieira da Silva, em Lisboa
-
Objectivo:
Disponibilizar
alguns conhecimentos básicos de fotografia, de modo a melhor dominar o
equipamento que possuem os participantes.
Neste
caso específico iremos abordar, e para além das dúvidas dos participantes, o ar
que se respira e o funcionamento de uma objectiva.
-
Conhecimentos exigidos aos participantes:
Nenhuns.
-
Equipamento:
Um
bloco de notas e uma caneta ou lápis;
Uma
câmara fotográfica, digital de preferência e não importando a sua simplicidade
ou complexidade, com um cartão vazio e baterias carregadas. Se possível, trazer
consigo o manual de instruções.
-
Duração:
Dependente
da quantidade de participantes, três a quatro horas.
Esta
iniciativa é uma réplica de uma outra já verificada, com pequenos ajustes e
correcções de método, baseada no princípio de trocas: cada um dá o que possui e
pode, deixando de parte o conceito de dinheiro ou de valor do que estiver em
causa.
Com
a enorme vantagem de passar ao lado da crise existente, com ou sem troikas.
By me
A fofinha do dia
Mantendo
a tal tradição das fotografias nas redes sociais, aqui fica uma fofinha: a do
dia.
A
ante-ante-antepassada desta roseira foi minha conhecida e, sem grandes
protestos, tal como as suas irmãs, forneceu algumas e belas flores que ofertei
a namoradas de então.
Hoje
não o faria!
Não
mato um ser vivo para um prazer visual, mesmo que grande, de alguns minutos ou
anos.
Preferia
levar a namorada junto ao canteiro e ver como elas –as flores – empalidecem de
inveja perante a sua beleza.
Mas
isto sou eu hoje, quase meio século depois, com as barbas grandes e brancas.
By me
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Deus
Sempre gostava de
saber o que terão falado na aula de filosofia desta escola secundária antes
desta afirmação ter sido escrita.
Talvez tenham
mantido o padrão de há quarenta anos, quando a frequentei.
By me
O banco
Nos céus do meu
bairro vejo dois aviões da força aérea evoluindo em manobras conjuntas.
O ruído dos seus
potentes motores ecoa nas paredes circundantes e no telhado da estação. Os mais
que aqui estão sorriem, talvez que satisfeitos por saber que os nossos pilotos
militares estão treinados para as missões que lhes sejam atribuídas.
Excepto aquele
homem, tão bem ou tão mal vestido quanto eu, que também levantara o olhar,
deixando de contar as poucas moedas que extraíra do bolso. O seu olhar nada
tinha de sorridente. Nem o meu.
Que tentei fazer
contas mas não soube como a quantos homens e mulheres não estariam tão tristes
se aqueles motores não estivessem a trabalhar e o seu custo fosse distribuído
pelas suas mesas.
Não tive coragem
de fotografar os aviões. Muito menos o homem, no seu recolhimento. Também
ignoro quanto teria na mão, que eram poucas as moedas.
Fiquei-me pelo
banco perto do dele, por mero acaso verde, que sei que não atraiçoará ninguém
nem provocará pânico entre os que vivem da desgraça alheia.
By me
Crente
Sou
um crente inabalável nas Leis de Murphy: Se alguma coisa pode correr mal, com
toda a certeza que correrá!”
Por
isso mesmo, e durante anos e anos, tive o hábito de substituir por alturas do
natal todas as pilhas e baterias em uso. Não que a data fosse importante, mas
era uma rotina como outra qualquer, e a chegada do subsídio de natal ajudava na
despesa e na lembrança.
O
advento dos digitais, das baterias de iões de lítio e a sua durabilidade, bem
como os cortes nos subsídios, fizeram-me relaxar nesta rotina anual. E a
esquecer que há circunstâncias em que o esgotar de uma pilha ou bateria pode
ser vital e arrancar-nos um grito de revolta. Ou de frio.
Que
foi exactamente o que fiz quando se me apagou o esquentador, dito inteligente,
que depende de duas pilhas para funcionar. E, claro, apagou-se a meio do banho.
Não poderia ser de outra forma.
Felizmente
que homem prevenido vale por dois, no caso por duas pilhas. E tinha um par de
reserva, há bem mais de um ano, só para prevenir.
Felizmente
também, as Leis de Murphy não se aplicaram por inteiro: não foi no pino do Inverno
e com frio que saí da banheira e fui, Molhadinho da Silva, trocar as malditas
pilhas.
Vou
regressar aos velhos hábitos: p’lo natal, tudo quanto for pilhas, não importa a
idade, vai fora e colocadas novas!
By me
Democracia??????
Um
país que surge da decisão da comunidade internacional do pós guerra que entrega
o território a não residentes sem acautelar os direitos dos que lá residem, que
alarga as suas fronteiras sem as definir legalmente usando o termo “territórios
ocupados”, que expulsa os residentes de há séculos para instalar os que ali
chegaram há pouco mais de cinquenta anos ou os seus descendentes, que desde que
se fundou que está em guerra com os seus vizinhos, que nunca cumpriu uma só que
fosse das resoluções da ONU, valham elas o que valerem, que não aceita
vistorias no campo das armas nucleares…
Chamar
a isto “país democrático” parece-me ser aviltar o conceito de “democracia”.
.
Memória
Lembrei-me,
de súbito, de um detalhe histórico pouco divulgado. E entende-se o porquê.
Durante
a conquista do Oeste em que o homem branco, oriundo da Europa, tentava e
conseguia ocupar os territórios ancestralmente habitados e usados pelos índios
norte americanos, várias estratégias foram usadas. Para além das obviamente bélicas,
com as chacinas que a história nos tratou de contar como “actos heróicos” dos
colonizadores, trataram de os encafuar em reservas territoriais, onde os meios
de subsistência eram (e são) escassos.
Mas
foram bem mais longe no séc. XIX e inícios do séc. XX:
Com
pretextos de “caridade cristã”, retiravam as crianças das suas tribos e famílias
e internavam-nas em instituições de cariz ocidental, educando-as nos hábitos,
religiões, história e morais “brancas”, terminando assim de raiz com a cultura índia.
Não haveria quem a continuasse. Ou contestasse a ocupação territorial.
Recorda-vos
isto também algo de contemporâneo, actual, que assistam nos noticiários institucionais
ou saibam pelas vias alternativas?
Explica
isto certos comportamentos de certos países face ao que acontece em certas regiões
do globo?
Imagem:
Mulher Sioux com o filho, 1899, roubada da net
By me
A pulseira
Gosto
de encontrar irmãos.
Não
me refiro a questões de sangue ou aparências. Refiro-me a pensamentos e actos.
Uso
eu, no bolso do colete, uma corrente de autoclismo. Não a tenho à vista como
decoração ou identificação grupal mas sim para efeitos fotográficos. Substitui,
com limitações óbvias, um monopé em condições de pouca luz.
Quando
acontece vir à conversa, refiro-a e mostro-a, brincando com o seu nome e
apreciando o ar de espanto do meu interlocutor.
Pois
um destes dias encontrei uma alma gémea na capacidade de usar objectos com funções
bem distintas das originais. Não para se exibir, não para ser do contra, mas
porque lhe dá prazer e satisfação. Tão simples quanto isso.
Uma
banalíssima corrente de lavatório usada como pulseira.
Disse-me
quem a usa que além de gostar de a ver ali, no pulso, tem a enorme vantagem de
não se preocupar com águas, lavagens ou manchas de verdete. E que, em
acontecendo o fechinho se partir, é só ir a uma loja de ferragens e trazer
outro. Sem mais dispêndios ou incómodos.
Gosto
de coisas simples e despretensiosas. À margem das modas, lojas chiques ou
grupos.
E
gosto mais ainda de quem as cria e lhes dá uso.
Viva
quem faz!
Byme
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Egoísmo
Há
gente muito egoísta!
Enquanto
eu faço questão de partilhar com o mundo na net os pobres sapatos solitários
que vou encontrando, uns perdidos, outros jogados fora, quem encontrou este fez
questão de o mostrar apenas aos passantes na estação do meu bairro!
By me
Mau feitio
Tenho
duas certezas na vida: que irei morrer e que ninguém escreverá na minha tumba “aqui
jaz um tipo de bom feitio”!
Precisei
de comprar uma pasta. Daquelas de cartão, com elástico, em tamanho A4, barata
de preferência, e que não tivesse desenhos demasiado extravagantes.
Podendo
ir a vários locais, optei por fazer o negócio numa papelaria aqui da minha
zona. A diferença de preço existe, é verdade, mas sempre vou dando o meu apoio
ao comércio local. Que merece e necessita.
Entrei
na loja, disse ao que ia, a senhora mostrou-me várias, escolhi uma, ela guardou
as restantes e eu estiquei-lhe uma nota de cinco euros para pagar.
Nesse
momento tocou um telemóvel. Que estava no seu bolso das calças.
Pousou
a nota no balcão, pôs-lhe a mão esquerda em cima e, com a direita, atendeu a
chamada. Sem uma palavra que fosse para mim.
Fiquei
a saber que falava com uma tal de Isabel, que tinha uma prima e um marido e que
havia problemas no casal.
E
fiquei a saber tudo isso porque a chamada durou cinco, dez, vinte, trinta,
cinquenta, oitenta segundos, talvez mais.
Quando
me fartei de esperar pacientemente, estendi a mão para a nota e retirei-a de
sob a sua. Olhou para mim, estranhando.
Guardei-a
na carteira com um sorriso, ao mesmo tempo que empurrava para ela a tal pasta
que ainda estava no balcão.
E
desejei-lhe as boas tardes, enquanto ela tentava, em simultâneo, responder ao
telefone e dizer-me já nem sei o quê.
Saí!
Como
disse acima, não tenho bom feitio. Mas vou melhorando.
É
que consegui não recorrer a vernáculo nem levantar o tom de voz.
Talvez
que daqui a duzentos e cinquenta anos eu esteja no ponto certo para aturar
coisas destas sem reagir.
By me
.
São cada vez mais
os que alinham no sorteio da factura (com c). E que, para tal, fazem questão
que a sua identificação fique inscrita em todas e quaisquer facturas (com c).
Quando um dia um
qualquer agente estatal ou privado o questionar sobre o ter lido “aquele”
livro, ou ter viajado para “aquele” país, ou ter jantado com “aquela” pessoa,
nesse dia darão razão a mim e aos mais que comigo denunciam este esquema de
bufaria instituída.
Nesse dia será
tarde!
.
Sobrevivência
Para a maioria dos
que virem esta imagem fará sentido perguntar:
“E em que é que eu
fico mais rico ou feliz em vê-la?”
Mas para mim vê-la
ou, melhor ainda, fazê-la, é a forma que tenho de sobreviver depois de uma dose
massiva de demagogia institucional, fortemente polvilhada de futilidade social.
By me
Inteligência
E
porque é que os computadores são estúpidos?
Porque
apenas dão respostas, não fazem perguntas.
Inteligência
não é responder a estímulos, usar a memória ou dar respostas. Qualquer um faz
isso, até uma pedra.
Inteligência
é concluir que um mais um é igual a três, mesmo contra todas as evidências, e
argumentar coerente.
Inteligência
é ser e não estar.
Inteligência
é olhar para um teclado e sonhar com uma flor.
By me
terça-feira, 22 de julho de 2014
Esfiapada e de luto
Na
minha janela, a minha já esfiapada e desbotada bandeira negra vai continuar a
drapejar!
Estou
de luto!
Não!
Não estou de luto pelas vítimas dos bombardeamentos em Gaza. Afinal, quando
aquela esquadrilha de bombardeamento da FAP em Moçambique regressava à base sem
terem encontrado o alvo, ia descarregar as bombas nos rios, pertinho das aldeias,
antes de aterrar em segurança.
Também
não estou de luto por aqueles que morreram na queda do avião. Afinal, em Março
caiu também um avião da mesma companhia e tudo aparenta também não ter sido um
acidente.
Não!
Estou
de luto por aquela senhora que me perguntou se podia passar a cancela do cais
do comboio comigo, enquanto segurava a mão da filha, talvez com cinco anos. A
quem eu disse que sim mas que, logo de seguida, lhe perguntei para onde ia, a “empurrei”
para a máquina e lhe comprei o bilhete. E que, já a bordo, foi para outro banco
onde chorou, escondendo a cara no casaquinho da filha, que fazia de conta que não
dava por nada. Sorriram p’ra mim, quando saíram.
Estou
de luto por estas, que continuaram a viver com a vergonha de não ter como. E
por todos nós, sem vergonha, a fazermos de conta que não é connosco.
By me
É importante?
E é importante o
que isto é?
É mais importante
o significante ou o significado?
É mais importante
se agrada ou o que agrada?
Para a maioria das
pessoas, confrontadas com uma fotografia, preocupam-se, antes de mais, em saber
o que estão a ver. Só depois disso confrontam o que estão a ver com a memória e
decidem (ou o espírito decide por eles) se coincide ou não com os conceitos já
existentes.
E só depois disso
a questão de “agrada” ou “não agrada” se coloca.
Na sociedade da
informação em que vivemos e onde a imagem é imperatriz, a fotografia está no
topo da hierarquia. A sua interpretação é a primeira abordagem, ficando a
estética e os afectos para segundo, quiçá terceiro plano.
O racional
sobrepõe-se sem esforço ao emocional.
É esta questão,
creio eu, que estará na origem da nossa decadência social.
By me
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