Confesso que sou
muito pouco amigo dos pilaretes. Aliás, a sua existência incomoda-me por
motivos físicos e motivos éticos.
A questão física,
e por caricato que seja, prende-se com a sua altura e em que ponto do organismo
de um ser humano de tamanho mediano bate, se ele for distraído. Ui!
Já quanto à questão
ética, a coisa fia mais fino. Não faz sentido haver muros, barreiras, vedações.
A sua simples existência é um atentado à liberdade de circulação. Para além
disso eu, enquanto peão, sinto-me preso ao caminhar numa rua com paredes de um
lado e uma vedação do outro. Bem sei que ela existe para que o espaço que
percorro fique livre para mim. Mas se eu mesmo não vou caminhar para o asfalto,
zona de circulação de automóveis, também seria de esperar que os automóveis não
invadissem as zonas de peões. Sem mais regras ou imposições que estas, e para
segurança de todos.
Acontece, porém,
que por vezes tenho que dar o dito por não dito e aceitar que, com certos cidadãos
(formalmente merecem esse nome, mas só formalmente), não há alternativa que não
a imposição física das leis ou regras.
Que, em não
respeitando o código da estrada, em assumindo que todo o espaço público é
reservado aos automóveis, só o impedimento físico pode preservar o espaço dos
peões.
A imagem aqui
exibida foi feita hoje na Av. Gomes Pereira, em Lisboa, no bairro de Benfica. Um
dos passeios desta avenida tem sido invadido sistematicamente por
estacionamento abusivo ao longo dos anos, sendo mais que frequente os peões
ficarem sem como caminhar, confrontados com os passeios ocupados e o tráfego automóvel
constante.
Caminho por esta
avenida abaixo umas cinco a seis vezes por mês, meses há que muito mais, e bem
conheço esta realidade. Tal como sei que há uns meses valentes estas viaturas
assim ilegalmente estacionadas foram multadas e que os residentes e
comerciantes, apoiados pela junta de freguesia fizeram banzé, com cartazes e
panfletos, acusando a PSP de “caça à multa”.
Constato hoje que
estão a ser colocados os tais malditos pilaretes. Vi a sua colocação, tal como
ouvi os protestos de alguns comerciantes contra a situação e contra os operários
que o executavam.
Por aquilo que sei
do bairro e das forças autárquicas, suspeito muito seriamente que a decisão
tenha vindo do município e não da freguesia, mas não o garanto.
Aquilo que
garanto, isso sim, é que vou poder caminhar sem receio de ser escorraçado para
a faixa de rodagem, numa avenida e num bairro de que gosto, mesmo que lá não
resida.
Obviamente (e isto
é mais uma suspeita minha) sendo que esta questão é velha de dezenas de anos, só
pode estar a acontecer agora em virtude de termos eleições autárquicas este ano.
Que estas melhorias das condições de vida dos munícipes só acontecem de quatro
em quatro anos.
Sarcasmo ou ironia
da minha parte? Talvez, mas ainda não vi acontecer nada que confirmasse o
contrário.
Claro que, se não
irei ter os automóveis a atrapalhar os meus passeios, terei que ter igualmente
cuidado com os pilaretes. Que, garanto, bater neles caminhando, se for mesmo em
cheio…
By me
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