segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Robert Doisneau




É compulsivo: ver uma livraria e não entrar é quase como assistir a um filme, no cinema, de olhos vendados!
Foi assim que dei comigo numa razoável livraria de Lisboa. Com uma razoavelmente abastecida secção sobre fotografia.
Só que é aqui que a porca torce o rabo! Dos livros com monografias de autor ou bem que já por cá tenho algo, não se justificando repetições, ou bem que o autor em si me não cativa, não se justificando o dispêndio, ou bem que são edições cujo preço ultrapassa, nalguns casos, aquilo que algumas pessoas levam para casa ao fim do mês. Recuso-me!
Já quanto a livros teóricos a frustração é semelhante e pelos mesmos motivos: ou conhecidos, ou já existentes ou incomportáveis.
Já nem quero falar das pilhas que aqui em casa me atrapalham os movimentos e que esperam por uma oportunidade de serem lidas.
Apesar de tudo isto acabo por dar com uma pequena preciosidade. Pequena no seu verdadeiro sentido porque de bolso, preciosidade porque de um autor sobre o qual pouco tenho, se alguma coisa: Robert Doisneau.
Edição trilingue, como agora a Taschen vem fazendo, com letra miudinha para que caiba tudo num livro deste tamanho, cobre quase todo o trabalho dele. E, como sempre deleito-me com ele no comboio, de regresso a casa..
Só as fotografias, numa primeira degustação, que o texto implica uma maior concentração. Nem mesmo as legendas me prendem, que quero usufruir das imagens “de per si”, sem interpretações que não apenas a minha.
O que é interessante num ver um livro assim, é constatar a evolução do olhar do fotógrafo com o passar dos tempos. Não apenas aquilo que a técnica permite, mas a escolha da perspectiva, do assunto, do momento. Com os anos, torna-se menos agressivo na primeira leitura superficial mas bem mais arguto e incisivo naquilo que não é explícito mas tão só implícito.
Para além de algumas bem mais que clássicas, fica-me na memória esta. Por sinal, das menos reproduzidas na net, pelo que me foi dado a entender. Mas que me enche as medidas, lá isso enche!
E, para que conste, foi feita em Paris, em 1953.

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