É
compulsivo: ver uma livraria e não entrar é quase como assistir a um filme, no
cinema, de olhos vendados!
Foi
assim que dei comigo numa razoável livraria de Lisboa. Com uma razoavelmente abastecida
secção sobre fotografia.
Só
que é aqui que a porca torce o rabo! Dos livros com monografias de autor ou bem
que já por cá tenho algo, não se justificando repetições, ou bem que o autor em
si me não cativa, não se justificando o dispêndio, ou bem que são edições cujo
preço ultrapassa, nalguns casos, aquilo que algumas pessoas levam para casa ao
fim do mês. Recuso-me!
Já
quanto a livros teóricos a frustração é semelhante e pelos mesmos motivos: ou
conhecidos, ou já existentes ou incomportáveis.
Já
nem quero falar das pilhas que aqui em casa me atrapalham os movimentos e que
esperam por uma oportunidade de serem lidas.
Apesar
de tudo isto acabo por dar com uma pequena preciosidade. Pequena no seu verdadeiro
sentido porque de bolso, preciosidade porque de um autor sobre o qual pouco
tenho, se alguma coisa: Robert Doisneau.
Edição
trilingue, como agora a Taschen vem fazendo, com letra miudinha para que caiba
tudo num livro deste tamanho, cobre quase todo o trabalho dele. E, como sempre
deleito-me com ele no comboio, de regresso a casa..
Só
as fotografias, numa primeira degustação, que o texto implica uma maior
concentração. Nem mesmo as legendas me prendem, que quero usufruir das imagens “de
per si”, sem interpretações que não apenas a minha.
O
que é interessante num ver um livro assim, é constatar a evolução do olhar do
fotógrafo com o passar dos tempos. Não apenas aquilo que a técnica permite, mas
a escolha da perspectiva, do assunto, do momento. Com os anos, torna-se menos
agressivo na primeira leitura superficial mas bem mais arguto e incisivo
naquilo que não é explícito mas tão só implícito.
Para
além de algumas bem mais que clássicas, fica-me na memória esta. Por sinal, das
menos reproduzidas na net, pelo que me foi dado a entender. Mas que me enche as
medidas, lá isso enche!
E,
para que conste, foi feita em Paris, em 1953.
Sem comentários:
Enviar um comentário