Nunca
encontrei dinheiro na vida!
Excepção
feita àquela vez em que fui dar com uma nota de mil escudos muito mal tratada
no bolso das calças, depois de lavadas. Mas isto não conta, já que mais ninguém
usa as minhas calças e terei sido eu mesmo a lá a deixar.
Mas
aquele “Achar”, de ir na rua e encontrar notas ou carteira, não terem nenhuma
indicação de dono e, por razão de bom-senso, poder dizer “Já ganhei o dia!”,
isso nunca me aconteceu.
Houve
também aquela outra ocasião em que, num passeio pedestre na serra de Sintra,
encontrei um Bilhete de Identidade. Era de um rapaz, de uns 14 ou 15 anos, não
recordo bem e, no regresso, fui à esquadra de polícia entregá-lo, que lhe
haveria de fazer falta.
A
senhora agente que me atendeu olhou para mim, para o documento de um lado e do
outro, para mim de novo e perguntou:
”E
onde está o resto?”
Consegui
ser educado e não permitir que a minha boca proferisse os impropérios que
teimavam em querer sair. Mas sempre lhe disse uma ou duas das minhas que a
deixaram tão branca quanto as divisas que ostentava nos ombros. E saí! Espero
que tenham feito chegar o BI ao seu dono.
Mas,
encontrar dinheiro, de algum valor, ontem foi uma estreia!
Estava
ali, um tudo ou nada brilhante e solitária, esta singela moeda de um cêntimo,
na plataforma de embarque dos comboios cá do meu bairro suburbano.
Ainda
olhei em redor, não fora tratar-se de uma daquelas partidas em que a moeda está
colada ao chão e, um pouco ao lado, alguns brincalhões se rebolam a rir com os
incautos. Mas nada dava indícios de tal.
E
fiquei à conversa com os meus botões:
“Se
a minha sorte não foi suficiente, até hoje, para encontrar dinheiro perdido na
rua, não vou gastar o meu quinhão dela com esta moeda de um cêntimo. Quando a
sorte me sorrir, neste campo, será de orelha a orelha e com os dentes todos!”
E
deixei-a lá ficar, trazendo, em contra partida, a sua imagem.
Acontece
que a sorte, quando olha para mim, mostra-me uma expressão digna de uma
tarântula com uma crise hepática. Assim tem sido e suspeito que continuará a
ser, pelo que não conto ficar rico com o que encontrar no chão.
A
minha única dúvida é se a fotografia que aqui vêem, bem como este texto que a
acompanha, não valerão tanto quanto a moedinha que recusei apanhar.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário