Diz-se
que depois da tempestade vem a bonança.
Nada
mais verdade!
Nesta
manhã de domingo espreito p’la janela e o fumo do meu cigarro sobe a direito,
sem nada que perturbe o seu subir. O único som que escuto é o de um pássaro
(será ave?) que num qualquer galho manifesta a sua satisfação p’la
tranquilidade do dia.
Na
rua o único vestígio do temporal de ontem é este caixote assim encostado à
chaparia de um carro. O contentores de lixo já foram endireitados e o seu conteúdo
recolhido por aqueles que trabalham quando os demais dormem.
Aqui,
na minha rua, a bonança sucedeu à tempestade. Excepto…
Excepto
que às nove e pouco da manhã de um domingo e com os contentores de lixo
esvaziados já há quem os venha espreitar, na vã tentativa de neles encontrar
algo que lhe melhore o dia.
Tem
talvez uns 60 anos, trás um cão preso por uma corda longa, um ferro com um
gancho para rebuscar o fundo dos contentores e um velho carrinho de compras de
duas rodas remendado. P’la forma como o manuseia, vazio.
A
tempestade dos deuses já se foi. A tempestade dos homens, essa, continua.
E
se as minhas pernas nuas se arrepiaram com o frio matinal na varanda, a minha
alma continua gélida ao pensar que há quem se delicie com um lauto e quente pequeno-almoço
enquanto que outros, muitos…
By me
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