Havia
um em casa de um parente.
Quando
calhava, e era raro, ia lá. Mas em indo, havia duas coisas para um petiz como
eu brincar.
Uma
era um jogo de peças da “Meccano” que me encantava e que só há pouco tempo
voltei a ver no mercado. Caro, como sempre foi, e com alguns ajustes ao politicamente
correcto e à segurança infantil. Era pertença do filho da família, um bom
bocado mais velho que eu, e que, por especial favor, me deixavam brincar um
pouco e dar asas à imaginação.
O
outro objecto era um cinzeiro como este. Claro que me não deixavam brincar com
ele, que era utilizado em exclusivo pelo pai da família, e com as coisas dele não
se brincava. Nem pensar! Mas eu não resistia e, em estando na sala, era com ele
que me entretinha, para cima e para baixo, para cima e para baixo.
Voltei
a encontrar um numa daquelas lojas de inutilidades que pululam nos centros
comerciais. Confesso que não resisti, nem que fosse por vingança: agora posso
abri-lo e fechá-lo as vezes que quiser sem haver quem mo proíba!
Não
creio que o vá usar na sua função original. Afinal, está aqui mais por recordação
que outra coisa e o que recordo dele é de um imaculado impecável, capaz de
fazer corar de inveja qualquer empregado de loja. Como, aliás, tudo era
imaculado naquela casa.
Menos
algumas mentalidades, mas isso já é outra conversa!
Sobrou,
creio, alguma dessa sujidade mental p’ró meu lado, com a qual bem eu posso
viver. Esta vingança, a uns decénios de distância, é uma delas.
By me
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