Foi
mais ou menos assim que aconteceu:
Um
braço levantado para suster um stick de hóquei em campo que vinha directo para
a minha cabeça.
Fez
ontem, em rigor, onze meses de calendário e foi uma terça-feira de Carnaval
inesquecível.
Das
consequências, para além de um osso partido e já soldado que me irá acompanhar
nas minhas andanças, fica a memória de um serviço hospitalar acolhedor mas
confuso na sua organização; fica a memória de um advogado que para me
representar na minha pretensão de ser indemnizado nos danos materiais sofridos,
quis cobrar mais que a quantia a receber e me propôs, discretamente, que
inventasse em tribunal danos não patrimoniais (morais) para receber quanto
bastasse para lhe pagar; fica a memória de o meu agressor ter usado de um
advogado suficientemente sabedor do ofício para responder à fase de inquérito
de forma a que este fosse arquivado.
Do
dinheiro dou de barato: não menti em tribunal, não pedi emprestado para me
tratar ou sobreviver, não quebrei os meus princípios éticos para alimentar um
advogado ….
Da
justiça em tribunal… A vingança é uma coisa feia e procuro fazer coisas
bonitas. Na altura a minha vontade era, muito naturalmente, oferecer-lhe em
dobro o que me deu. Agora, passado quase um ano, apenas desejo que aquele
individuo, por sinal já com registo criminal por casos de agressão e violência,
não o repita com qualquer outro cidadão. Infelizmente tenho a suspeita que
continuará até encontrar alguém que lhe dê a provar seriamente do seu próprio
remédio.
Quanto
ao resto fica a lição, aprendida agora por experiência própria, que a justiça é
uma falácia e que só funciona para quem tiver dinheiro e poucos escrúpulos. Não
é o meu caso.
E
se recordo agora o episódio é apenas porque, devido à chuva e a um passeio pela
cidade fugindo dela, abriguei-me sob toldo de uma loja de artigos de desporto
em cuja montra estava este objecto. Quase igual ao que me partiu a mão.
É
quase igual porque, disse a vendedora da loja, hoje são ligeiramente maiores e
mais bojudos. Este está lá para vender há 18 anos, continuou.
O
preço foi verdadeiramente de saldo, muito menos que aquilo que eu pensaria ou
aceitaria dar por um stick de hóquei em campo se o encontrasse.
Mais
um troféu na minha galeria onde, infelizmente, não constam escalpes: de um ou
outro advogado, de um ou outro criminoso, de um ou outro político.
Mas
ainda não perdi a esperança!
By me
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