terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Troféus




Foi mais ou menos assim que aconteceu:
Um braço levantado para suster um stick de hóquei em campo que vinha directo para a minha cabeça.
Fez ontem, em rigor, onze meses de calendário e foi uma terça-feira de Carnaval inesquecível.
Das consequências, para além de um osso partido e já soldado que me irá acompanhar nas minhas andanças, fica a memória de um serviço hospitalar acolhedor mas confuso na sua organização; fica a memória de um advogado que para me representar na minha pretensão de ser indemnizado nos danos materiais sofridos, quis cobrar mais que a quantia a receber e me propôs, discretamente, que inventasse em tribunal danos não patrimoniais (morais) para receber quanto bastasse para lhe pagar; fica a memória de o meu agressor ter usado de um advogado suficientemente sabedor do ofício para responder à fase de inquérito de forma a que este fosse arquivado.
Do dinheiro dou de barato: não menti em tribunal, não pedi emprestado para me tratar ou sobreviver, não quebrei os meus princípios éticos para alimentar um advogado ….
Da justiça em tribunal… A vingança é uma coisa feia e procuro fazer coisas bonitas. Na altura a minha vontade era, muito naturalmente, oferecer-lhe em dobro o que me deu. Agora, passado quase um ano, apenas desejo que aquele individuo, por sinal já com registo criminal por casos de agressão e violência, não o repita com qualquer outro cidadão. Infelizmente tenho a suspeita que continuará até encontrar alguém que lhe dê a provar seriamente do seu próprio remédio.
Quanto ao resto fica a lição, aprendida agora por experiência própria, que a justiça é uma falácia e que só funciona para quem tiver dinheiro e poucos escrúpulos. Não é o meu caso.

E se recordo agora o episódio é apenas porque, devido à chuva e a um passeio pela cidade fugindo dela, abriguei-me sob toldo de uma loja de artigos de desporto em cuja montra estava este objecto. Quase igual ao que me partiu a mão.
É quase igual porque, disse a vendedora da loja, hoje são ligeiramente maiores e mais bojudos. Este está lá para vender há 18 anos, continuou.
O preço foi verdadeiramente de saldo, muito menos que aquilo que eu pensaria ou aceitaria dar por um stick de hóquei em campo se o encontrasse.
Mais um troféu na minha galeria onde, infelizmente, não constam escalpes: de um ou outro advogado, de um ou outro criminoso, de um ou outro político.
Mas ainda não perdi a esperança!

By me

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