Faz-me
pena ver o que vai acontecendo no mundo da fotografia “amadora”, fruto da ganância
dos industriais.
Para
conseguirem vender os seus equipamentos e proporcionar satisfação a quem os
compra, os fabricantes de telemóveis, de algumas câmaras de película e de
suporte digital decidiram que se os seus clientes não são capazes de fazer “boas
fotografias”, iriam criar sistemas que “estragassem” os que faziam, com uns
efeitos especiais (adulteração de cores, diminuição de definição, aberrações geométricas,
etc.) e dizendo-lhes que aquilo permitia fazer “arte”. Mais ainda, foram
convencendo os seus compradores que aquela “arte” é moderna e avançada e que quem
a não entendesse seria, necessariamente, um atrasado ou conservador no que a arte
concerne.
Vai
daí, todo o “bicho careta” passou a fazer imagens em que a perspectiva é coisa
do passado, o equilíbrio de cores resulta de uma dose de bom LSD ou quejando e
a definição ou nitidez é, p’la certa, aquilo que se vê pelo fundo da garrafa
depois de a beber por inteiro.
Os
que assim fotografam e exibem estão convencidos que estão a produzir arte, os
fabricantes de equipamento e software satisfeitíssimos, que vão vendendo o que
produzem.
Aquilo
que estes não anunciam e aqueles não sabem é que a “arte” não é fruto das
tecnologias e muito menos fruto de não saber o que se faz!
A
arte resulta de um processo interior, de escolhas de algo em desfavor de tudo o
resto porque é aquilo que exprime os sentimentos do artista. A técnica apenas
auxilia o processo criativo, não é a sua base inicial!
Aquilo
a que vamos assistindo neste momento é um verdadeiro bombardeamento de
imbecilidades visuais, disfarçando a péssima qualidade dos equipamentos e a
ignorância dos seus utilizadores com nomes pomposos e pseudo-intelectuais.
E
isto até que poderia não ser muito mau, que cada um exprime-se como quer. O
pior mesmo é isto se ter transformado numa moda, levando a que milhões façam
borrões iguais, sem um pingo de originalidade ou criatividade, ainda que
convencidos que sim.
Ora
batatas para as Lomo com sacos de plástico por objectiva! Ora batatas para os
telemóveis sem resolução e aplicações mostram imagens como se tivessem acabado
de sair da máquina de lavar, com as tintas ainda a escorrer.
Para
mim, as fotografias têm que ser feitas com tanta nitidez quanto uma boa
objectiva de vidro permite, com as cores tão fieis ao que vejo quanto possível e
com a geometria da perspectiva rigorosa. Aberrações, alterações, subversões a
isto será, sempre, na sequência de uma decisão, porque será exactamente esse
resultado que se adequará ao que sinto ou quero mostrar!
Faço
o que faço porque o quero e não porque alguns fabricantes descobriram a árvore
das patacas fotográfica!
By me