segunda-feira, 20 de maio de 2013

Tempos e placas




É em olhando para este e outros anúncios p’la cidade que me sinto com a idade que tenho, felizmente.
Recordo desta placa e loja quando, em muito petiz, ter subido ao seu primeiro andar em busca não sei de quê no mesmo dia em que fui, p’la segunda vez, a uma sala de cinema: o extinto e agora travestido cinema Condes, duas ruas acima, onde se exibia “Asterix o gaulês”.
E recordo o meu olhar, abaixo da beira do balcão de madeira e com cheiros estranhos, percorrer aquelas prateleiras cheias de coisas desconhecidas, caixas coloridas e significados misteriosos. E da janela atrás dele, por onde entrava muita luz.
E se isto me ficou na memória, foi porque me foi dito, ainda antes de entrarmos, que as peças japonesas eram as melhores.
Ficou-me, que querem!
Muito tempo depois e já homem feito, recordo lá ter ido por uma agulha de gira-discos. Noutras lojas, mais modernas e com expositores metálicos, disseram-me que só lá a encontraria. E estavam certos.
O que acaba por ter graça é que não recordo ver esta mesma placa iluminada. Sempre a conheci assim, sem luz interior, com letras de outras épocas a lembrar a antiguidade do espaço.
Confesso que não tenho grande coragem de tentar subir as escadas que ali conduzem. E que o hoje se sobreponha ao que foi. Fico-me p’la placa e dizeres, somados à memória.

By me 

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