sábado, 4 de maio de 2013




Tenho para mim que as luz e as sombras provocadas pelo sol estão para a fotografia como o canto está para as belas artes: efémero, lindíssimo, irrepetível.
E uma empena, quase impoluta, de um prédio é como um auditório, de acústica perfeita, em que os timbres e os acordes, os ritmos e os volumes se exibem com a magnificência e irrepetibilidade das rotações e translações planetárias.
Esta é uma empena predilecta. Ali para aos lados das avenidas novas, que já não são, quase em frente a um restaurante preferido.
Quando ali passo, e gosto de jantar cedo, não deixo de olhar para cima. E nunca vi duas sombras iguais, por muito ali vá.
Claro que faço figura de tolo, ali especado de câmara em punho, mesmo que de bolso, apontando para uma parede vazia e procurando um ângulo livre de obstáculos. Pouco importa.
 Quando escuto as sombras e a luz, tenho só para mim um espectáculo dos deuses.
E apenas posso lamentar que as coisas belas que o universo nos dá sejam consideradas pela maioria como tão banais que não lhe prestam atenção.

By me

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