terça-feira, 20 de abril de 2010

Maquinetas


O raio da maquineta até era nova. Perfeitamente conforme com as normas vigentes no tocante a segurança e poluição – ambiental e sonora.
O que já não eram tão novos eram os homens que com ela trabalhavam. Com ela e com o maldito gerador usado para alimentar a máquina de soldar e a rebarbadora com que estavam a construir uma vedação metálica.
Tal como já não eram novos os ferros que alguns iam montando no prédio do lado para construir os andaimes que haverão de permitir a pintura de paredes.
E igualmente vetusta era a roldana usada para os içar paredes acima. Mas, além de idosa, a pobre geringonça queixava-se em permanência do esforço a que era submetida e da ausência de lubrificação. Um queixume continuo, bem audível e penetrante.
Some-se tudo isto e diga-se o que diria um tipo que recolheu a vale de lençóis pelas quatro da manhã, na sequencia de uma noite de trabalho e leitura, e que é brindado com este concerto pelas nove da madrugada!
Não creio que tenham ouvido o que em surdina proferi. Mas se acaso o tivessem percebido por cima de todo o ruído que iam fazendo, suponho que aprenderiam alguns vocábulos novos de português vernáculo.

Texto e imagem: by me

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