segunda-feira, 12 de abril de 2010

Foi aqui!


Foi aqui e hoje!
E como tudo na vida é relativo, também o “aqui” o é. Pois que o lugar de “aqui” refere-se a este autocarro, que se movimenta relativamente ao que o cerca, tal como a Terra em relação ao Sol, etc.
Pois foi aqui, neste autocarro que vi fazer um gesto não muito comum nos tempos que correm: alguém ter atenção para com os que o cercam e agir em conformidade.
Subiu para este autocarro um casal já idoso. Bem idoso. O cavalheiro, para além da idade, tinha notória dificuldade de locomoção, usando uma bengala para caminhar. Pior ainda, o seu equilíbrio era bastante instável e foi complicado que conseguisse chegar ao banco onde se sentou.
Pois o motorista deste autocarro, cujo nome ignoro, teve o cuidado de não reiniciar a marcha antes do passageiro se sentar. Observando as manobras e as dificuldades do idoso pelo retrovisor, esperou parado e de portas fechadas, com uma paciência pouco comum estampada no rosto.
Este acto, que nos fez perder, aos restantes passageiros, uns quinze segundos se tanto, é um daqueles gestos que se agradece e recomenda. E que nos deixa espantados, face ao constante olhar para o próprio umbigo com que nos deparamos diariamente.
Da minha já longa experiência com autocarros alfacinhas, devo dizer que já tenho assistido a situações semelhantes, principalmente nesta carreira, a 709, onde os idosos são parte substancial dos passageiros.
Já o mesmo não posso dizer de uma outra que também conheço bem, a 21, onde o grupo etário é semelhante. Passageiros embarcados, portas fechadas e trocos feitos, é andar que se faz tarde. E quem estiver de pé que se agarre, pois que a recomendação está lá, nos cartazes afixados no interior.
Para o motorista deste autocarro, bem como para todos os outros que o igualam na atenção para com o seu semelhante, o nosso “Obrigado” e um “Bem hajam”.
E viva quem faz!


Texto e imagem: by me

1 comentário:

Rafael Santos disse...

Subscrevo as tuas palavras! Desconhecia este teu blog, vou ficar atento. Obrigado pela tua visita e uma palavra sobre este post... Também eu, sempre que vejo que as dificuldades são algumas por parte dos passageiros, espero que os mesmos se sentem, mesmo que decidam sentar-se nos últimos lugares ainda mais agora nos eléctricos onde a população que o frequenta é maioritariamente idosa.

Abraço