segunda-feira, 12 de abril de 2010

A cabeça perdida de Damasceno Monteiro


“…Para mijar tinha escolhido um grande carvalho que espalhava a sua sombra sobre um campo à beira do pinhal. Não sabia porquê mas dava-lhe prazer mijar contra aquele carvalho. Talvez por ser uma árvore muito mais velha que ele, e o Manolo gostava que no mundo houvesse seres vivos mais velhos do que ele, mesmo que se tratasse de uma árvore. A verdade é que se sentia bem, como se uma serenidade o invadisse enquanto fazia as suas necessidades. Sentia-se em paz consigo próprio e com o universo. Aproximou-se do carvalho e urinou com alívio….”

Não é um carvalho, mas consigo sentir o descrito neste trecho do livro “A cabeça perdida de Damasceno Monteiro”, escrito por António Tabucchi.

Imagem: by me

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