Volta e meia apetece-me!
Pegar em palavras ou ideias alheios e, com base nelas, fazer fotografia. Pode ser qualquer coisa, desde uma frase ouvida de passagem, uma notícia da TV ou jornal, um graffiti na urbe… Mas o desafio supremo é mesmo um livro.
Têm estes a vantagem de deixar ao leitor e à sua imaginação tudo o que lá não estiver expresso, explicita ou implicitamente. É aqui que a literatura fica a ganhar ao cinema, que este limita o voo das asas imaginativas do espectador, ao mostrar-lhe cada detalhe, cada sombra, cada prega da roupa.
No meio-termo entre o livro e o cinema, fica a fotografia, congelando num instante o que não existe, mostrando a interpretação do fotógrafo sobre o que outrem imaginou.
Foi o que me apeteceu fazer um destes dias!
Mas no lugar de ser com uma obra já sabida e conhecida, preferi fazer de outra forma. De um autor contemporâneo, uma obra tão recente quanto possível, cujo conteúdo se passasse em Lisboa.
Fácil? Nem por isso! Para começar, há que encontrar o livro. E foi com esse objectivo que me dirigi a uma livraria especializada.
Dá pelo nome de “Fabula urbis” e fica localizada ali para os lados da Sé, na velha Lisboa. E a sua especialidade é exactamente isso: Lisboa. É o seu tema e de bem antigos a actuais, em português ou outra (p’ra turista, claro) tem de tudo um pouco. Ficção, romance ou não, documental, livros, CD’s, DVD’s, monografias, colectâneas, vistas da cidade de hoje e de então, em cores ou em preto e cor… É curioso constatar como tanto se escreve e publica sobre Lisboa.
A mocinha que me atendeu era-me desconhecida. Vintes e poucos, agradáveis à vista e no trato, ficou meio desconcertada com o meu pedido: Ficção, passada em Lisboa, de autor português e tão recente quanto o possível.
Depois de ter olhado para mim, de se ter levantado e sugerido algumas prateleiras para eu escolher, perguntou-me se tinha alguém especial em mente. Não levava nenhum nome engatilhado, mas logo me saltaram dois sem hesitação: Mário de Carvalho e Henrique Nicolau seriam uma boa escolha. Não tinha nada de recente mas não se deixou ficar. Enquanto eu ia olhando as lombadas e consultando um ou outro tomo, ausentou-se por um pouco.
Na volta, disse-me que o seu gerente (eu sei que se referia ao dono, mas são termos comerciais que ficam bem) sugeria Eduardo Brum. Escolheu quatro obras distintas, uma das quais estava na montra, e entregou-mas.
Não o conhecia. Nem de nome, quanto mais de obra. Assim, escolhi o que tinha a data mais recente de publicação (2006) com o nome de “Felicidade em pó”. Não aceitei o saco de plástico que me quis dar, ela insistiu num de papel pardo e timbrado, que guardei na mochila fotográfica, e saí.
De uma livraria especializada em obras sobre Lisboa, devo ter trazido a única que por lá existia cujo enredo não é na velha cidade. Em boa verdade, o local onde a acção acontece não é local algum em particular que não seja apenas uma cidade. A única forma de afirmar que não se trata de Lisboa é pelos nomes das personagens, que não são portugueses. Mas em qualquer dos casos, agradável de ler, ainda que surpreendente no conteúdo e na forma.
Voltarei lá, à livraria, em breve. Não para reclamar ou devolver o livro por não corresponder ao pedido. Antes para ver se, desta feita, trago algo passado em Lisboa. Que era isso que queria e continuo a querer!
Quanto à imagem para ilustrar a obra? Ainda estou a pensar nisso, que não é fácil neste caso em particular. Mas esta acima pode ser uma solução, ainda que não passe de um esboço.
Texto e imagem: by me
Pegar em palavras ou ideias alheios e, com base nelas, fazer fotografia. Pode ser qualquer coisa, desde uma frase ouvida de passagem, uma notícia da TV ou jornal, um graffiti na urbe… Mas o desafio supremo é mesmo um livro.
Têm estes a vantagem de deixar ao leitor e à sua imaginação tudo o que lá não estiver expresso, explicita ou implicitamente. É aqui que a literatura fica a ganhar ao cinema, que este limita o voo das asas imaginativas do espectador, ao mostrar-lhe cada detalhe, cada sombra, cada prega da roupa.
No meio-termo entre o livro e o cinema, fica a fotografia, congelando num instante o que não existe, mostrando a interpretação do fotógrafo sobre o que outrem imaginou.
Foi o que me apeteceu fazer um destes dias!
Mas no lugar de ser com uma obra já sabida e conhecida, preferi fazer de outra forma. De um autor contemporâneo, uma obra tão recente quanto possível, cujo conteúdo se passasse em Lisboa.
Fácil? Nem por isso! Para começar, há que encontrar o livro. E foi com esse objectivo que me dirigi a uma livraria especializada.
Dá pelo nome de “Fabula urbis” e fica localizada ali para os lados da Sé, na velha Lisboa. E a sua especialidade é exactamente isso: Lisboa. É o seu tema e de bem antigos a actuais, em português ou outra (p’ra turista, claro) tem de tudo um pouco. Ficção, romance ou não, documental, livros, CD’s, DVD’s, monografias, colectâneas, vistas da cidade de hoje e de então, em cores ou em preto e cor… É curioso constatar como tanto se escreve e publica sobre Lisboa.
A mocinha que me atendeu era-me desconhecida. Vintes e poucos, agradáveis à vista e no trato, ficou meio desconcertada com o meu pedido: Ficção, passada em Lisboa, de autor português e tão recente quanto o possível.
Depois de ter olhado para mim, de se ter levantado e sugerido algumas prateleiras para eu escolher, perguntou-me se tinha alguém especial em mente. Não levava nenhum nome engatilhado, mas logo me saltaram dois sem hesitação: Mário de Carvalho e Henrique Nicolau seriam uma boa escolha. Não tinha nada de recente mas não se deixou ficar. Enquanto eu ia olhando as lombadas e consultando um ou outro tomo, ausentou-se por um pouco.
Na volta, disse-me que o seu gerente (eu sei que se referia ao dono, mas são termos comerciais que ficam bem) sugeria Eduardo Brum. Escolheu quatro obras distintas, uma das quais estava na montra, e entregou-mas.
Não o conhecia. Nem de nome, quanto mais de obra. Assim, escolhi o que tinha a data mais recente de publicação (2006) com o nome de “Felicidade em pó”. Não aceitei o saco de plástico que me quis dar, ela insistiu num de papel pardo e timbrado, que guardei na mochila fotográfica, e saí.
De uma livraria especializada em obras sobre Lisboa, devo ter trazido a única que por lá existia cujo enredo não é na velha cidade. Em boa verdade, o local onde a acção acontece não é local algum em particular que não seja apenas uma cidade. A única forma de afirmar que não se trata de Lisboa é pelos nomes das personagens, que não são portugueses. Mas em qualquer dos casos, agradável de ler, ainda que surpreendente no conteúdo e na forma.
Voltarei lá, à livraria, em breve. Não para reclamar ou devolver o livro por não corresponder ao pedido. Antes para ver se, desta feita, trago algo passado em Lisboa. Que era isso que queria e continuo a querer!
Quanto à imagem para ilustrar a obra? Ainda estou a pensar nisso, que não é fácil neste caso em particular. Mas esta acima pode ser uma solução, ainda que não passe de um esboço.
Texto e imagem: by me
Sem comentários:
Enviar um comentário