sexta-feira, 28 de março de 2008

Duas fotografias


Fiquei a saber AQUI que morreu no passado dia 18 o fotógrafo Philip Jones Griffits.
A minha memória para nomes sempre me pregou partidas e, reconheço, não sabia de cor o nome dele. Nem o de muitos outros, honrem-se daqui os seus nomes e trabalhos.
Mas para imagens a minha memória não me prega partidas e a fotografia de cima é dele e não a esqueço. Tal como não esqueço a fotografia de baixo, feita por Tim Page.
Estas duas imagens estão assim mesmo exibidas num livro que por aqui tenho, de que me lembrei assim que vi a referencia ao falecimento, e que tive dificuldade em encontrar no meio da confusão que por cá grassa.

Feitas com segundos e centímetros de intervalo, a sua comparação é um óptimo exemplo daquilo a que um outro grande da fotografia chamou de “Momento decisivo” – Cartier-Bresson.
A pequeníssima diferença de espaço-tempo de uma para a outra faz toda a diferença entre uma fotografia chocante (são-no as duas) e uma grande fotografia.
Esta cena, que se reporta à guerra do VietNam, foi captada em película. Teria sido complicado, se mesmo necessário, a utilização de motor na câmara para fazer várias imagens consecutivas a ponto ambos terem feito uma imagem no mesmo instante. Ambos escolheram um momento e disparam, cada um com a sua sensibilidade e capacidade de escolha.
Hoje, com os modernos sistemas fotográficos, esta questão não teria tido significado relevante e ambos teriam podido fazer a sua fotografia no mesmo momento. Ou, dito de outra forma, ambos teriam podido fazer uma série de fotografias em simultâneo de tal forma que, pese embora a diferença mínima de perspectiva, seriam quase idênticas.
Mas, bons fotógrafos que eram, tê-lo-iam feito? Provavelmente continuariam a “recortar a vida” no espaço e no tempo com as suas câmaras, condicionados da mesma forma pelas suas visões e teriam, talvez, feito as mesmas imagens que aqui vedes.
Que fotografar, mesmo que em reportagem, não é fazer em série e, mais tarde, escolher a melhor. Ou, pelo menos, não é só isso.
É, principalmente, saber escolher o momento certo, de acordo com as sensibilidades e acontecimentos em causa. E é este “saber” que faz a diferença entre “bons” fotógrafos e “grandes” fotógrafos.

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