segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Sobre economia e futuro


Num jornal diário, na sua versão electrónica, leio:

As confederações da Indústria Portuguesa (CIP) e do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) defendem o alargamento da figura do despedimento igualmente para as situações de renovação do quadro de pessoal da empresa.
Para a CIP, "a possibilidade de recurso ao despedimento, que não assente em motivos disciplinares ou inadaptação, não pode circunscrever-se à 'redução de pessoal', devendo compreender também a renovação deste", num parecer ao Livro Branco das Relações Laborais, a que a Lusa teve acesso.
Igualmente a CCP aponta o despedimento quando "se pretenda a reestruturação da empresa e a renovação do perfil do trabalhador afecto ao posto de trabalho".
A CIP sustenta que, por vezes, "as empresas estão apenas carecidas de trabalhadores diferentes e não de menos trabalhadores". "Daí que a renovação do quadro deva ser integrado como fundamento legitimador", refere a confederação presidida por Francisco Van Zeller, no parecer já entregue ao Governo.
…”

Acredito que este possa ser um argumento por parte destas agremiações.
Mas a minha leitura, tenha ela o carimbo que tiver, é bem diferente.
O objectivo destes desejos passa antes pela possibilidade de despedir os mais antigos, com prémios de antiguidade e salários mais altos, para ir ser contratada gente, bem mais nova que, desesperada que anda por um emprego, aceitará pela certa colocações com contratos a termo e por menores remunerações.
Na verdade, o que eu leio destas afirmações, é o desejo da total desregulamentação das contratações e despedimentos, ficando estes integralmente sujeitos aos livres critérios e arbítrios de quem contrata.
E, numa sociedade que se pretende estável, com os olhos postos no futuro mas que, igualmente, desespera face a uma previsível falência do regime de reformas, de saúde, de educação, por escassez de contribuintes por comparação com os beneficiários, criar a instabilidade em quem trabalha por contra de outrem é cortar-lhe o desejo de constituir família, de ter filhos, por não poder antecipar-lhes o conforto e bem estar.
Mas, tão ou mais grave, esta atitude por parte das associações empregadoras é autofágica!
Ao não querer criar condições para uma sociedade estável ou positivamente evolutiva, está a diminuir os potenciais consumidores daquilo que os empresários produtores colocam no mercado. No fundo, a médio ou longo prazo, estão a matar as suas próprias empresas.

É caso para perguntar se os dirigentes e associados destas confederações dirigem empresas dinâmicas e com os olhos postos no futuro ou antes à moda dos merceeiros de má fama, contando apenas os tostões no final do dia!

Texto e imagem: by me

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