Foi há perto de um ano.
Romena de nacionalidade, passava pelo Jardim da Estrela todos os dias, ora acompanhada de uma pimpolha expedita e brincalhona, ora acompanhada pela sua filhota ainda sem um ano de idade.
Um dia, apesar da dificuldade de comunicação, sempre quis saber o que era aquilo, quanto custava e, em sabendo-o da borla, quis fazer uma. Com a pequenita.
O resultado, porque gosto da fotografia que muito conta, consta do mostruário que tenho de lado, na minha câmara “Oldfashion”.
Alguns meses passados, vim a saber por um catraio que por ali passa também e com a mesma nacionalidade, que tinha regressado à terra natal por uma temporada, mas que estaria de regresso em breve. Soube que tinha regressado quando dois homens, com a mesma barreira linguística, procuraram a fotografia e um delas a beijou, como se da real criança se tratasse.
Agora… Bem, agora os tempos são outros e, à revelia do que a maioria de nós vai sentindo, as condições de vida vão melhorando. Como o sei?
A meio da soalheira tarde de domingo, e acompanhada de uma amiga e de duas energéticas crianças, surge na curva do Jardim. Vem direita a mim e mais à minha câmara e procura sofregamente a fotografia. Vendo-a, riem-se todas e, sacando de telemóveis, fotografam a fotografia.
Pela extrema proximidade – poucos centímetros – a que fizeram a cópia, não creio que tenha ficado focada. Mas também não acredito que isso tenha muita importância. No tamanho em que a verão naquele ecrã, isso não será notório.
Importante mesmo será poder exibi-la aos amigos e familiares, sabendo-se a si e à filha suficientemente importantes para estarem sempre ali à vista no Jardim. E constarem do novel brinquedo e prova do status social atingido por cá: o telemóvel com câmara.
Texto e imagem: by me
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