Sentado no comboio leio as parangonas com que os suburbanos matam o tempo da viagem quotidiana.
Num deles, as letras gordas gritam: “Portugal está entre os países de risco na mutilação genital!”
Tanto a notícia como o local onde é divulgado são tristes.
É triste a situação existir, que se deve em exclusivo à dominação masculina sobre as mulheres;
É triste que, em pleno séc XXI seja ainda prática comum, com todas as consequências físicas e psicológicas que esta barbárie trás;
É triste que, apesar de todos os alertas e apelos sobre a matéria, feitos por inúmeras organizações, governamentais ou não, só em nos batendo à porta sejam divulgados.
Porque, em acontecendo lá longe, nas profundas e “selvagens” Africas ou nos misteriosos e distantes Orientes, não são notícia, não valem o papel em que são impressas. São apenas estatística, nada mais!
Mas, em podendo acontecer aqui mesmo, na porta ao lado, com as meninas que partilham carteira e recreio com as nossas, aí sim, é de contestar. Porque acontece com o nosso umbigo, o único para que olhamos!
Mas tão aterrador quanto a prática é a reacção do público, da sociedade.
Em lendo o artigo, fica incomodado, mas não passa daí, que ainda que se saiba que acontece mesmo ao lado, não será lá em casa, com as suas filhas. Estas estão a salvo e ponto final.
E, em chegando ao trabalho, comentam com os colegas:
“Eh pah! Leste aquela notícia da mutilação genital feminina? Aquilo é mesmo bera! E que dizes do jogo de ontem?”
O interesse morrerá ali, tal como morrerão ou sofrerão as meninas a quem, para que não tenham prazer no acto sexual, arrancarão, cortarão, coserão o clitóris. A sangue frio e em condições higiénicas equivalentes às de se capar um porco.
Porque, afinal, é quase o mesmo. Não???????
Texto e imagem: by me
Num deles, as letras gordas gritam: “Portugal está entre os países de risco na mutilação genital!”
Tanto a notícia como o local onde é divulgado são tristes.
É triste a situação existir, que se deve em exclusivo à dominação masculina sobre as mulheres;
É triste que, em pleno séc XXI seja ainda prática comum, com todas as consequências físicas e psicológicas que esta barbárie trás;
É triste que, apesar de todos os alertas e apelos sobre a matéria, feitos por inúmeras organizações, governamentais ou não, só em nos batendo à porta sejam divulgados.
Porque, em acontecendo lá longe, nas profundas e “selvagens” Africas ou nos misteriosos e distantes Orientes, não são notícia, não valem o papel em que são impressas. São apenas estatística, nada mais!
Mas, em podendo acontecer aqui mesmo, na porta ao lado, com as meninas que partilham carteira e recreio com as nossas, aí sim, é de contestar. Porque acontece com o nosso umbigo, o único para que olhamos!
Mas tão aterrador quanto a prática é a reacção do público, da sociedade.
Em lendo o artigo, fica incomodado, mas não passa daí, que ainda que se saiba que acontece mesmo ao lado, não será lá em casa, com as suas filhas. Estas estão a salvo e ponto final.
E, em chegando ao trabalho, comentam com os colegas:
“Eh pah! Leste aquela notícia da mutilação genital feminina? Aquilo é mesmo bera! E que dizes do jogo de ontem?”
O interesse morrerá ali, tal como morrerão ou sofrerão as meninas a quem, para que não tenham prazer no acto sexual, arrancarão, cortarão, coserão o clitóris. A sangue frio e em condições higiénicas equivalentes às de se capar um porco.
Porque, afinal, é quase o mesmo. Não???????
Texto e imagem: by me
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