Foi um destes dias!
Em mostrando uma
fotografia recém-feita a um colega, numa pausa no trabalho, pergunta-me ele:
“Boa! Photoshop,
não?”
Consegui ser
suficientemente urbano e não dizer o que me ia na alma.
Mas creio que o
meu olhar foi explícito, quando lhe disse que não, que a luz era mesmo assim e
que me havia limitado a fazer o crop que havia imaginado aquando da obturação.
Perdeu-se o hábito
de ver antes de fotografar, de fazer as opções certas em função do resultado
desejado.
Hoje aponta-se,
carrega-se no botão e depois logo se vê o que se faz com o que sair.
O
pós-processamento é importante. Sempre o foi, desde os primórdios da fotografia.
Faz parte de tudo aquilo a que chamamos de “fotografia” e que é o que medeia
entre o vermos e o mostrarmos. Mas fotografar sem se imaginar o resultado
final, sem se ter uma noção razoavelmente exacta daquilo que iremos mostrar…
A fotografia hoje
é o fast-food do registo lúmico. O pensar antes de fazer ou o pensar depois de
feito, analisar as opções tomadas e aprender com isso, dá trabalho, consome
tempo e é pouco social.
Em parte devido ao
custo zero do premir o botão, em parte devido ao conceito de “fotógrafo é
artista e aquilo também eu faço”, em parte porque fotografar hoje é uma
afirmação social.
É sempre um
exercício útil, se bem que raro e difícil, o ver-se a quantidade de fotografias
falhadas ou rejeitadas por aqueles que são invejados ou admirados antes que
apresentem uma imagem final.
Se fazer arte com
fotografia fosse assim tão imediato e instintivo, teríamos uns valentes milhões
de artistas fotográficos p’lo mundo fora. E umas poucas centenas de pobres
coitados, frustrados, que penam, estudam, treinam e tentam, antes de terem
coragem de apresentar uma fotografia que se veja.
E não! Não estou a
falar de mim que, com muita sorte, faço uma mediana fotografia a cada dois
meses. O resto é vício.
By me
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