Há uns tempos, já
não sei exactamente quanto, numa casa de fast-food do meu bairro assisti a uma
situação que me fez doer a alma:
Uma moça, talvez
com vinte anos ou pouco mais, mas com o cargo de chefe de turno, teve uma
atitude de despotismo e arrogância para com outra funcionária. O que lhe disse
não foi errado ou inapropriado, mas o tom e a postura fizeram abanar a
subalterna. E a mim, que estava sentado a almoçar.
E o almoço não me
cairia bem se nada fizesse.
Acabei-o e
chamei-a, convidando-a a sentar-se na minha frente. A proposta foi tão inaudita
que aceitou. E ouviu! Caramba, se ouviu, ainda que em tom baixo.
Puxando dos galões
que a alvura da minha barba podem atribuir, expliquei-lhe o mal que tinha
feito, o como tinha deixado a outra funcionária a tremer por coisa nenhuma, a
diferença entre chefiar e liderar, o que eventualmente aconteceria se o
discurso dela fosse para comigo…
Ouviu-me calada,
abrindo cada vez mais os olhos a cada novo argumento.
No final pediu-me
desculpa, agradeceu-me e acrescentou que nunca tinha visto a questão de nenhuma
daquelas formas.
O tempo passou e
de cada vez que eu lá ia e ela estava por lá, desfazia-se em sorrisos, fazendo
questão de vir ter comigo para me cumprimentar.
E deixei de a ver,
o que é normal neste negócio.
Voltei a
encontrá-la há dias. Num outro restaurante.
A sua cara não me
era estranha, mas não a reconheci de imediato. O mesmo não aconteceu do seu
lado. Que assim que a sua zona de trabalho lhe deu uma folga fez questão de vir
à minha mesa cumprimentar-me e esclarecer as minhas dúvidas.
Quando à saída
trocámos mais umas palavras, disse-me ela à boca pequena:
“O sr. tinha tanta
razão naquilo que me disse. Agora, aqui, consigo avaliá-lo. Trabalha-se bem, o
pagamento não é mau, mas o tratamento… Agora percebo bem o que me disse!”
Odeio ter razão!
Mas gosto que as
minhas “broncas” sirvam para alguma coisa.
By me
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