Em tudo quanto é
lado se fala do encerramento de um teatro, em Lisboa.
É bom que se fale,
que quando a cultura fecha, fecha um pouco de nós, do que somos e do que somos
capazes de fazer enquanto sociedade.
E só quem esteve
ligado ao teatro sabe o quão dramático é haver mais gente nas tábuas e nos
bastidores que sentado na plateia. E, apesar disso, continuar a representar com
o mesmo empenho e força interior como se não existissem contas para pagar. Na
companhia e em casa de cada um.
A comunicação
social fala do caso, o presidente da Republica pronunciou-se e a questão está
nas bocas do mundo português. E é bom que esteja.
Já não é bom que
tenha caído no olvido um negócio municipal de há dois anos.
Falo da venda do
mais moderno quartel de bombeiros da cidade que alojava, e para além de homens
e material de socorro, a central de comando da protecção civil de Lisboa e o
museu dos Bombeiros.
Sobre a central de
comando não sei o que lhe aconteceu. Apenas posso presumir que tenha sido
colocada num outro local. E esperar que mantenha a operacionalidade que todos
queremos.
Sobre homens e
equipamento, foram deslocados para o antigo quartel de Benfica, onde já tinham
estado, e onde o espaço para viaturas de socorro e respectiva tripulação é
menos que suficiente para a área que está a seu cargo. Tal como as condições do
edifício, que foi objecto de embelezamento exterior, estão bem abaixo do
sofrível. Já estava quando foi desafectado do serviço de socorro.
O museu… Bem, do
museu nada sei. Dificilmente irão encontrar meios para novo espaço expositivo
permanente, que possa preservar a história e contá-la aos vindouros. Que é para
isso que serve um museu.
Mas o museu dos
Bombeiros fechou e disso não se fala. Que a cultura e a preservação da memória,
se não tiver mediatismo político, bem pode ir morrendo aos poucos.
Que é bem mais
importante a expansão de um hospital privado (que foi o que levou a que
encerrasse o museu) que a manutenção da cultura ou de meios de socorro
públicos.
E se não cuidarmos
do que somos ou fomos, o amanhã não passará disto: uma placa inútil e
abandonada de um teatro ou cinema, que eventualmente se terá salvo de um hipotético
incêndio cultural a que os bombeiros não conseguiram acudir a tempo.
By me
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