quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Resolução de ano novo



Aqueles que me conhecem pessoalmente já o sabem, os outros ficarão a saber:
Tenho uma barriga grande.
E não, não é coisa recente. Não chega a ser dez anos mais nova nesse seu ser grande, o que lhe dá já um estatuto de relevância na minha anatomia.
Relevância essa que também se deve ao facto de essa minha barriga ser como o vinho do porto: melhora com a idade. Por outras palavras, à medida que o tempo passa ela aumenta de volume. Um nico este ano, um pouco mais para o ano que vem, quase nada no seguinte… Num ritmo não constante, a tendência é uniforme: aumentar.
Quer isto também dizer que a minha barriga chega primeiro que eu onde quer que eu vá. A menos que caminhe de costas ou de lado, a minha barriga é a primeira coisa a transpor portas e dobrar esquinas, logo seguida da minha barba. É uma rivalidade velha, a delas.
Poderá também ser dito que tenho uma barriga muito à frente, o que não é de todo mentira.
Acontece que essa minha barriga, como as demais aliás, contém algo com um nome diferente de barriga, apesar de estar nela desde sempre. Chama-se umbigo.
Não há dois umbigos iguais, o que torna divertido observar os umbigos e respectivas barrigas que por nós passam. Tal como a minha que, como já disse, chega antes de mim.
No entanto, é curioso como apesar de existirem tantas e tão diferentes barrigas e respectivos umbigos, tantos são os que teimam em não reparar senão no seu próprio umbigo, não dando a mínima atenção aos restantes umbigos que os cercam. E muitos são os umbigos que cercam cada um de nós.
Faz-me impressão ver tantos tão concentrados nos seus próprios umbigos, a tal ponto que chegam a atropelar e danificar os demais umbigos que com eles partilham os espaços.
O meu umbigo, porque está na minha barriga, chega antes dela aos destinos. E ela, muito naturalmente, antes de mim, considerando o seu volume.
Parece-me ser de bom senso fazer como os demais e prestar mais atenção ao meu próprio umbigo. Dando-lhe a importância proporcional à barriga que o suporta. E aos outros umbigos uma proporção inversa. É que, e se quiserem pedir meças, a minha barriga é mesmo maior que a dos outros. Da grande maioria dos outros. E salta à vista.

Assim, fica o aviso: Passo a preocupar-me em exclusivo com o meu umbigo, que está na minha barriga proeminente e que chega antes de mim onde quer que eu vá. Do que acontecer aos demais umbigos, barrigas e etc. pouco me importa.

By me

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