Comprei-a, há
anos, junto com outras iguais, porque achei graça ainda se encontrarem das
antigas, de vidro ou quase, tão frágeis que, quando eu era catraio, estava
proibido de nelas tocar. Imagine-se o porquê.
Das outras que
comprei com esta acho que sei onde estão, guardadas numa caixa e bem
protegidas, só por via de dúvidas.
Mas está aqui onde
a vêem, pendurada modestamente de um prego na parede. Todo o ano.
Volta e meia vou
por ela e limpo-lhe o pó, as mais das vezes mesmo com água, mas volta sempre
para aqui, para o seu modesto preguinho.
Nesta época do ano
continua lá, solitária como em todo os demais meses, de Janeiro a Dezembro. É o
único enfeite de Natal que por aqui se exibe e está ali o tempo todo, debaixo
dos meus olhos.
Serve ela,
inalterada decoração natalícia, para me recordar que o natal não é apenas uma
quadra de quinze dias de boas vontades, músicas e doçarias apropriadas.
O Natal, aqui por
casa, é o ano todo, com o que de bom ou de mau possa ter.
Que não apenas é
uma atitude que se deve manter, como não aceito que seja um calendário que me
imponha quando devo ser isto ou aquilo, eximindo-me de o ser no resto do tempo.
O Natal, aqui, é
365 dias de seguida, nos anos comuns.
Quanto ao resto, e
porque parece ser o que deve ser dito por estes dias, bom Natal para os que
isto lerem. E para os outros também.
By me
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