Por vezes faço
isto: escolho um livro ao calhas, abro-o ao calhas e presto atenção ao que ali
encontro. Foi o que fiz há pouco.
Fiz pontaria a uma
prateleira menos frequentada, fechei os olhos e joguei a mão, agarrando o que
senti. Saiu-me na rifa um “Almanach de lembranças 1882” que já nem recordava de
aqui ter.
Comprado, se a memória
me não falha, ali para os lados de Campo de Ourique, não tenho indicação de
valores, mas muito barato terá sido que não sou alfarrabista nem coleccionador.
A única referência que tenho é um bilhete de metro datado de 2002.
As páginas que
abri são estas que aqui vedes, as 198 e 199, para quem não souber numeração
romana.
O que é de facto
interessante é uma delas conter algo que procuro há muito. Ou, pelo menos parte
do que procuro:
A tabela de toques
de sino que existia em Lisboa (e noutras cidades) para chamar a incêndio. Consoante
o número de badaladas, assim se sabia onde era e onde acorrer em socorro.
Sobre esta tabela
havia uma lenga-lenga que se sabia de cor (o analfabetismo grassava), aprendida
com os mais velhos ou nas brincadeiras infantis. E, apesar de ser algo que
remonta a meados do séc. XIX, soube eu dela numa livro de lenga-lengas da minha
própria infância.
O livro foi-se com
o tempo, os versos varreram-se-me da memória, mas não o saber da sua existência.
Mas sei que ainda existe registo disso no agora extinto museu dos bombeiros de
Lisboa, que o município fez o favor de extinguir para que um hospital privado
se pudesse expandir.
E venho a
encontrar parte do que procuro há anos aqui arrumadinho, quase escondido numa
estante em casa.
Acho que o pai natal
passou por aqui mais cedo este ano.
By me
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