“Os assaltantes
assassinarem dois reféns e a polícia de imediato os abateu.”
A história implícita
no parágrafo acima é terrível e ficcionada por mim agora mesmo. Mas ninguém se
lembraria de a contar assim:
“Os assaltantes
abateram dois reféns e a polícia de imediato os assassinou.”
A diferença, e
caso não tenham dado por ela, está na forma de usar os verbos assassinar e
abater e em relação quem são usados.
Naturalmente que o
verbo assassinar é aplicado ao que os assaltantes terão feito. Assassinar é um
crime e ninguém duvida disso. Já o verbo abater se pode aplicar à acção
policial, porque ele contém em si uma dose de legitimidade. E entendemos por
legítimo que a polícia mate assassinos no decurso de uma operação policial.
A inversão do uso
dos verbos dará legitimidade à morte dos reféns e uma carga negativa à acção de
matar por parte da polícia.
Hoje vimos a
comunicação social a dividir-se no tocante ao uso destes dois verbos e em relação
à morte do embaixador russo na Turquia. Houve quem dissesse que o homem
assassinou o embaixador e houve quem dissesse que o homem abateu o embaixador.
Conhecendo eu
parte dos intervenientes tanto nas televisões como nos jornais, não acredito
que o uso de um ou de outro verbo tenha sido casual ou inocente.
E com doces e
bolos se enganam os tolos!
By me
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