terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Enganos ou talvez não



“Os assaltantes assassinarem dois reféns e a polícia de imediato os abateu.”
A história implícita no parágrafo acima é terrível e ficcionada por mim agora mesmo. Mas ninguém se lembraria de a contar assim:
“Os assaltantes abateram dois reféns e a polícia de imediato os assassinou.”
A diferença, e caso não tenham dado por ela, está na forma de usar os verbos assassinar e abater e em relação quem são usados.
Naturalmente que o verbo assassinar é aplicado ao que os assaltantes terão feito. Assassinar é um crime e ninguém duvida disso. Já o verbo abater se pode aplicar à acção policial, porque ele contém em si uma dose de legitimidade. E entendemos por legítimo que a polícia mate assassinos no decurso de uma operação policial.
A inversão do uso dos verbos dará legitimidade à morte dos reféns e uma carga negativa à acção de matar por parte da polícia.

Hoje vimos a comunicação social a dividir-se no tocante ao uso destes dois verbos e em relação à morte do embaixador russo na Turquia. Houve quem dissesse que o homem assassinou o embaixador e houve quem dissesse que o homem abateu o embaixador.
Conhecendo eu parte dos intervenientes tanto nas televisões como nos jornais, não acredito que o uso de um ou de outro verbo tenha sido casual ou inocente.

E com doces e bolos se enganam os tolos!

By me

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