A fotografia não é
grande coisa, mas o que está no prato também não me surpreendeu pela positiva.
Entrei eu numa
pastelaria com um ratito no estômago mas sem saber bem o que lhe dar a trincar.
Café seria, mas o quê de sólido? Os salgados não me apeteciam, os bolos também
não me chamavam.
Eis que dou, numa
caixa de plástico como protecção especial, com alguns bolos como este. Com ar
meio incrédulo, perguntei para a empregada do outro lado do balcão se, por mero
acaso, seriam “Garibaldis”. Apesar das diferenças de sotaque entendemo-nos e
confirmou as minhas suspeitas.
E todo eu ansiei
por aquele bolo! Mais que o apetite, mais que a vontade de colocar algo entre
as paredes do estômago, havia que matar saudades daquele bolo que tanto me
entusiasmava na minha meninice: um “Garibaldi”!
Só o podia comer
em ocasiões especiais, que o uso ou frequência de pastelarias eram, então,
coisa rara. Pelos hábitos sociais da época e pelas disponibilidades económicas,
que eram bem menos que abundantes. Mas, em havendo uma ocasião especial e em
entrando numa pastelaria, era um “Garibaldi” que eu pedia. Para grande
frustração minha, que não era bolo que houvesse em muitos lados.
Pois desta vez dei
com um e não hesitei: pedi-o e comi-o!
Não me soube ao
que sabia então. Ou bem que as minhas memórias se corromperam, ou bem que a
receita se adulterou. Certo é que não me soube ao que me sabia então!
Mas fiquei de olho
no bolo e de papilas gustativas afiadas. Pelo sim pelo não, irei dar uma
voltinha pelas pastelarias mais antigas e conservadoras da cidade. Ainda há
umas quantas. E comerei tantos “Garibaldi” até que a minha memória se satisfaça.
Ou até que constate que a gulodice de então era bem maior que a minha
capacidade em memorizar os sabores cremosos e escurinhos do chocolate.
By me
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