Um velho mestre e
compincha de muitas andanças fotográficas costumava dizer que “Só há dois tipos
de fotografias: as tremidas e as feitas com tripé!”
Claro que ele era
especialista em usar de comparações extremas para fazer vingar os seus pontos
de vista.
Claro que isto era
dito numa época em que nem se falava em “full frame”.
Claro que isto era
dito numa época em que não havia estabilizadores de imagem.
Claro que isto era
dito numa época em que todos os que fotografavam sabiam a fórmula “O
denominador da fracção de segundo do tempo de exposição usada não pode ter um
valor absoluto inferior ao da distância focal empregue, sob pena de termos uma
fotografia tremida se usada a câmara à mão”.
Claro que isto era
dito numa época em que usar ISO 400 era o limite para evitar o grão na imagem.
Claro que isto era
dito numa época em que os testes das objectivas e resoluções de películas eram
feitos usando um bloco de cimento como suporte da câmara para evitar
tremideiras no equipamento.
A tecnologia
actual poderia tornar esta afirmação obsoleta e nada mais que divertida.
Mas há algo que a
tecnologia não melhorou: o utilizador da câmara. E este, fiando-se na
tecnologia, nas câmaras à prova de idiota, negligencia as regras ou práticas
mais básicas, acabando por obter resultados no limiar do sofrível.
A quantidade de
imagens tremidas ou menos nítidas que vemos nos tempos que correm acontecem
exactamente porque, fiando-se nos estabilizadores de imagem e nas alterações de
sensibilidade, se ignora que o ponto de partida é uma câmara estável.
O tripé é, sem
dúvida, a solução universal. E, quanto mais sólido e pesado, melhor. E tanto
que assim é que alguns fabricantes, usando de materiais mais leves e cómodos de
transportar, acrescentam um gancho por baixo da coluna para que os utilizadores
possam pendurar algo (regra geral o saco ou mochila) para aumentar o peso e
respectiva estabilidade.
A alternativa, com
limitações, será o monopé. Disse alguém, já não sei quem, que “Se não podes ter
um bom tripé, usa um monopé”. Parece disparate mas não é. Um monopé não é
auto-sustentavel, pelo que ao usarmo-lo temos cuidados extra com a
estabilidade. Ajuda-nos mas apenas isso.
No campo das
soluções de emergência, há sempre a possibilidade de recorrermos a apoios
improvisados. Uma cadeira, um candeeiro de rua, o ombro de alguém, o velhérrimo
“saco de feijões”… há inúmeras soluções de apoio da câmara que, não tendo a
estabilidade de um bom tripé, podem melhorar o desempenho.
Indo mais longe,
se soubermos um nico de física e fisiologia, entendemos porque é que a minha
corrente de autoclismo (na imagem) funciona para nos ajudar a ter estabilidade
para tempos um pouco mais longos.
Mas, e pondo de
parte todos estes auxiliares de suporte, o certo é que a esmagadora maioria das
imagens são feita à mão. E usando-a desta forma, ou bem que procuramos no nosso
corpo a estabilidade possível, ou teremos excelentes fotografias tremidas.
O corpo tem que
estar estável, com os músculos tranquilos. Se em esforço, garantidamente que
trememos. As pernas meio flectidas são óptimos amortecedores instáveis, quais
baloiços de criança, para fazermos imagens tremidas.
De igual forma, os
braços abertos, com os cotovelos levantados que nem asas de pássaro, são uma
óptima forma de tremermos. Nós mesmos e a câmara que seguramos.
E um vício velho,
que nunca percebi de onde vem, é segurar a câmara com a mão direita, usando a
esquerda para actuar nos anéis da objectiva por cima. Isto implica que apenas
um braço pode estar encostado ao corpo e que o outro estará levantado, sem
estabilidade.
Aquilo que aprendi
há muito é que a câmara deverá estar apoiada na mão esquerda, por baixo. Na
palma da mão, permitindo que os dedos possam actuar na objectiva. E com o
cotovelo encostado ao corpo. Desta forma, criamos um triângulo com os nossos
músculos e ossos, garantindo a estabilidade do corpo e, consequentemente, da
câmara.
A mão direita,
essa, fica livre para o disparo, braço igualmente encostado ao corpo, e para
manusear os diversos botões da câmara.
Mas a solidez do
conjunto fica assegurada pela esquerda, com o braço encostado ao corpo.
As pequenas
câmaras de hoje, sem visor ocular mas apenas um ecrã electrónico, são perfeitas
para imagens tremidas. Que as seguramos com os braços abertos e quase
esticados.
Apesar de terem
distâncias focais curtas devido ao pequeno tamanho do sensor, apesar de terem
estabilizadores de imagem (na objectiva ou no sensor), apesar de as imagens
resultantes serem vistas em tamanhos pequenos, onde a falta de nitidez se torna
pouco perceptível, certo é que cada vez mais se fazem fotografias tremidas.
E é tão fácil
evitar isso! Basta a posição corporal certa.
By me
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