Estamos a chegar àquela
época em que, e para além do sempiterno “bom-dia” e da pergunta clássica e também
inútil “Como estás?”, aquilo que mais ouvimos é “saúde!” ou “santinho!”.
Isto se
esquecermos todos os apodos e impropérios gritados ou sussurrados sobre a crise
e os governantes.
Estou em crer que
todos saberão, ou imaginarão, o porquê da expressão “saúde”. No fim de contas,
um espirro é sinal de doença, existente ou a caminho, e desejamos a que espirra
que tenha saúde. É bonito e coloquial.
Mas sei que a
esmagadora maioria das pessoas nem desconfia o porquê de dizermos “santinho”.
Sei-o porque, volta e meia, questiono aqui e ali e ninguém me sabe responder.
A explicação
foi-me dada por uma antiga, que o terá ouvido de um antigo, que por sua vez o
terá aprendido de um antigo… A explicação corre na família há, pelo menos, umas
duas centenas de anos e nada se faz supor que esteja errada.
Pois acreditavam
os antigos, os muito antigos, que em espirrando, a alma ficaria aberta e que
poderia entrar um diabo ou um santo. A frase bem antiga original seria, tal
como a soube, “que seja um santinho a entrar!”.
Mais tarde
reduzida a “que seja um santinho!”.
E encurtada para o
que hoje conhecemos: “Santinho!”
O que acaba por
ter alguma graça, e excluindo a crença nos santos e diabos, é que os espirros
acontecem maioritariamente em consequência de constipações e as secreções que
expelimos com eles são provenientes do crânio. Exactamente onde ficará alojada
a tal de “alma”, que poderia ser atacada ou protegida por um diabo ou um
santinho.
A sabedoria dos
antigos, mesmo que embrulhada em crendices ou superstições, é imensa!
Menospreza-la ou ignora-la só porque a ciência de hoje existe, é deitar fora
uns milénios de cultura.
By me
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