Aquele fulano
tinha um hábito peculiar: conduzindo p’la cidade normalmente, fazia questão de
acelerar e passar em todos os sinais vermelhos. Mania que todos os seus
conhecidos sabiam e que, por via dela, também todos já haviam apanhado sustos
valentes.
Um dia um desses
conhecidos, tendo apanhado boleia com ele, reparou em algo bem estranho: o
amigo, em chegando a um sinal verde, abrandava e seguia com a máxima das
cautelas, olhando em redor com toda a tenção.
Tão estranha era a
coisa que comentou:
“Olha lá! Tu estás
mais louco que o costume? Então aceleras com o vermelho e vais a passo com o
verde, quase parando?”
“É que, sabes”,
ouviu de volta, “O meu primo, que aprendeu comigo, veio a Lisboa. E não sei por
onde anda!”
Vem esta
estorieta, velha de muitos anos, a propósito do dia de ontem.
Por causa de uma
fotografia (que não consegui fazer) estive um bom bocado plantado do separador
central de uma avenida de Lisboa.
Tendo chegado
cedo, tive oportunidade de ir vendo o que passava em redor, tráfego incluído.
E tive
oportunidade de constatar que é enorme a quantidade de veículos que não
respeitam o semáforo, acelerando mesmo quando já está vermelho há uns bons
segundos. O interessante da coisa, em boa verdade triste, é que a esmagadora
maioria dos que o faziam eram carros bem caros, de boa cilindrada e marca.
Felizmente, não
assisti a nenhum acidente, mas sustos houve vários.
A existência de códigos,
regras, leis, com tribunais, polícias, proibições e penalizações, está na
origem da sociedade como a conhecemos. E, dizem os académicos, que quanto mais
regulada, mais evoluída a sociedade.
Não posso
discordar mais desta opinião. E, em podendo eu, abolia-as todas, de uma só vez
e à pázada.
Mas o certo é que
vivemos como vivemos, com elas e eles. Mas, e principalmente, com os que
entendem que as regras e leis existentes só se lhes aplicam se lhes forem favoráveis.
Caso contrário, são para serem heroicamente ignoradas, havendo sempre dinheiro,
advogados e potência de motor para fugir às consequentes penalizações.
Estou em crer que
se a nossa polícia, no lugar de fazer questão de marcar presença do outro lado
da barricada quando o povo se manifesta, fizesse assumida caça a estes “Chico-Espertos”,
haveria de arrecadar boas quantias, eventualmente usadas na diminuição dos
sacrifícios e abusos sociais que nos estão a ser impostos.
“Penso eu de que…”
By me
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