quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Atitudes



Eu sei que algumas das minhas posições e atitudes na vida não são comuns. Por vezes, são mesmo objecto de galhofa entre os que convivem comigo mais de perto.
Mas entre o não ligarmos ao que acontece em redor e um dia, para grande surpresa nossa, nos virmos absolutamente triturados por uma máquina que não controlamos ou fazer o possível por ajustar a nossa vida por forma a não sermos peça dessa máquina, prefiro a segunda hipótese.
No que me é possível, é assim que funciono!

Aplaudi de pé e de cabeça descoberta a criação e introdução do Euro em Portugal. Não tanto pela questão económica das transacções entre países mas, e principalmente, porque deixei de ser controlado nas minhas deslocações, ao não ter que fazer cambio de moeda, com a respectiva identificação perante entidades que me são estranhas: bancos, agentes cambiais, governos… A minha liberdade aumentou em muito com a introdução da moeda única.
De igual modo aplaudi a criação do espaço Schengen. E pelos mesmos motivos. Deixei de ter que pedir autorização e informar que saio de um país e pedir autorização e informar que entro num país. Pelo menos nos países que constituem o espaço Schengen. O mundo ficou maior, para mim, que vi reduzido em muito o controlo policial sobre a minha pessoa.
E é pelos mesmos motivos que me recuso a viajar de avião. Para além da identificação obrigatória para o embarque, teria ainda que ser objecto da indignidade de as autoridades policiais me considerarem um possível suspeito de actos criminosos e ser revistado. Pessoa e bagagem. Que tenho para mim (e é um princípio mais ou menos universal na justiça) que todo o ser humano é inocente e boa pessoa até prova em contrário. O facto de, apenas por embarcar num avião, ter que demonstrar que não pretendo fazer maldades ou crimes é o inverso absoluto deste princípio. Um atentado à minha liberdade e dignidade enquanto ser humano. Não viajo de avião.

Este desabafo ou de declaração de princípios, que vou repetindo quando surge a oportunidade, vem agora de novo na sequência de uma notícia do jornal I de hoje.
Segundo ele, há alguma confusão no controlo de fronteiras aéreas em Portugal devido a uma norma europeia, transposta para Portugal, que obriga as companhias aéreas a informar os serviços de estrangeiros e fronteiras da lista de passageiros antes de aterrar e se vindos de fora do espaço Schengen.
Alguns aspectos são caricatos, como a não existência nos formulários nacionais da identificação de género do passageiro, mas que os formulários internacionais possuem. Ou o facto de, em Portugal, apenas se usar a língua portuguesa, o que obriga a tradução por parte dos funcionários e tornando o processo moroso.
Mas o cerne da questão – desta questão – está no penúltimo parágrafo, que transcrevo:
“Por fim, coloca-se ainda outra questão, que se prende com a protecção de dados: as informações sobre os passageiros devem ser destruídas 24 horas depois da aterragem do voo em causa. O cumprimento desta norma é quase impossível, dada a quantidade de servidores por onde passa a informação e a localização dos data centers, muitos deles fora da Europa, controlados por terceiros.

Desculpem mas… Não me apetece que quem eu desconheço e por motivos que ignoro, fique com os registos das minhas deslocações.
Como já fui deixando por aí, e que agora repito, uma das minhas frases preferidas é o mote do povo Romani:

“O céu é o meu tecto, a Terra a minha pátria, a Liberdade a minha religião”!

By me

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