terça-feira, 4 de junho de 2013

Zippo



Não é fácil, mas “fiquei de cara à banda como o Miranda”!
Sete e pouco da manhã, esperava eu p’lo comboio que me levaria ao trabalho.
Vejo um rapazola, pouco mais que imberbe, saltar do outro cais para a linha e desta para o cais onde eu mesmo estava.
Com um saco na mão, auriculares pendurados das orelhas e cigarro apagado na boca, aproxima-se de mim e pede-me lume.
Não me fiz de rogado e tirei o Zippo do estojo do cinto (tenho-lhes estima e trato-os bem), acendi-o e aproximei-lho.
Disse-me ele: “Dê-mo cá que eu acendo”.
Claro que não lho dei. Se não o empresto a amigos e familiares, ia emprestá-lo a um fedelho desconhecido? Disse-lhe que não lho dava e mantive-o esticado, aceso.
“Então não quero!” ouvi-lhe eu. E afastou-se.
Fiquei ali, especado, com cara de parvo a tentar perceber o que tinha acontecido. Não consegui perceber, juro!
Não sei o que lhe terá passado p’la cabeça, mas uma coisa eu garanto: darei lume quando mo pedirem, mas o Zippo não me sai da mão.


By me

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