segunda-feira, 24 de junho de 2013

Semáforos



Aquele fulano tinha um hábito peculiar: conduzindo p’la cidade normalmente, fazia questão de acelerar e passar em todos os sinais vermelhos. Mania que todos os seus conhecidos sabiam e que, por via dela, também todos já haviam apanhado sustos valentes.
Um dia um desses conhecidos, tendo apanhado boleia com ele, reparou em algo bem estranho: o amigo, em chegando a um sinal verde, abrandava e seguia com a máxima das cautelas, olhando em redor com toda a tenção.
Tão estranha era a coisa que comentou:
“Olha lá! Tu estás mais louco que o costume? Então aceleras com o vermelho e vais a passo com o verde, quase parando?”
“É que, sabes”, ouviu de volta, “O meu primo, que aprendeu comigo, veio a Lisboa. E não sei por onde anda!”

Vem esta estorieta, velha de muitos anos, a propósito do dia de ontem.
Por causa de uma fotografia (que não consegui fazer) estive um bom bocado plantado do separador central de uma avenida de Lisboa.
Tendo chegado cedo, tive oportunidade de ir vendo o que passava em redor, tráfego incluído.
E tive oportunidade de constatar que é enorme a quantidade de veículos que não respeitam o semáforo, acelerando mesmo quando já está vermelho há uns bons segundos. O interessante da coisa, em boa verdade triste, é que a esmagadora maioria dos que o faziam eram carros bem caros, de boa cilindrada e marca.
Felizmente, não assisti a nenhum acidente, mas sustos houve vários.

A existência de códigos, regras, leis, com tribunais, polícias, proibições e penalizações, está na origem da sociedade como a conhecemos. E, dizem os académicos, que quanto mais regulada, mais evoluída a sociedade.
Não posso discordar mais desta opinião. E, em podendo eu, abolia-as todas, de uma só vez e à pázada.
Mas o certo é que vivemos como vivemos, com elas e eles. Mas, e principalmente, com os que entendem que as regras e leis existentes só se lhes aplicam se lhes forem favoráveis. Caso contrário, são para serem heroicamente ignoradas, havendo sempre dinheiro, advogados e potência de motor para fugir às consequentes penalizações.
Estou em crer que se a nossa polícia, no lugar de fazer questão de marcar presença do outro lado da barricada quando o povo se manifesta, fizesse assumida caça a estes “Chico-Espertos”, haveria de arrecadar boas quantias, eventualmente usadas na diminuição dos sacrifícios e abusos sociais que nos estão a ser impostos.

“Penso eu de que…”

By me

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