Vejamos as coisas como elas são: A medição e organização do
tempo é coisa antiga. Muito antiga.
A unidade de tempo mais antiga, porque mais fácil de constatar,
terá sido o dia. Unidade inteira.
De seguida os ciclos lunares. De lua cheia a lua cheia, 28
dias.
A maior unidade de tempo inteira terá sido o ano, marcado
pelas posições do sol. Mais difícil de observar, devido às condições
atmosféricas.
Quanto às divisões destas unidades básicas, que não
necessitavam de instrumentos para as medir, teremos o ano dividido pelos
solstícios e equinócios. A sua importância, tanto no clima quanto no que
respeita a colheitas ou caça, fez com que os antigos, os muito antigos,
erguessem monumentos megalíticos, implicando o esforço de toda a comunidade na
sua construção.
Já a lua, por seu turno, ainda hoje lhe reconhecemos os
ciclos: os quartos de lua que, no hemisfério norte, lhe confere o apodo de
mentirosa.
O dia tem sido dividido desde sempre em duas metades, marcadas
pelo meio dia. É constatável sem mais que um pau ou o próprio corpo: Sabemos
que é meio dia quando a sombra é a menor possível, marcando ela o momento em
que o sol está o mais alto possível. É o meio dia solar.
A divisão do dia em fracções menores já é consequência da
tecnologia, mais ou menos elaborada. Desde a clepsidra ao relógio de sol, das
velas às ampulhetas, da mecânica ao nuclear, tudo tem sido usado para medir o
tempo: horas, minutos, segundos…
Vêm agora uns políticos iluminados querer reajustar aquilo
que já de si está mal calibrado: a variação horária legal de verão e inverno. Sondaram
as opiniões e concluíram que sim, quer será bom manter a referência horária ao
longo de todo o ano.
E concluíram que o melhor seria, por questões económicas,
manter a de verão.
Nada a apontar contra isso não fosse a hora de verão estar
desfasada da hora solar em uma hora. O meio dia do relógio não coincide, nem
sequer está próximo, do meio dia solar.
Querem estes senhores, que passam mais tempo no obscuro dos
gabinetes que sob o olhar atento do astro-rei, mandar às urtigas aquilo que
durante milénios foi importante para o ser humano, fosse qual fosse a
localização ou a cultura.
Em nome de teorias economicistas, de rentabilidades laborais
e de ganhos energéticos, querem decretar que os ciclos humanos são pouco
importantes e que de medidas temporais percebem eles.
Reduzam-se mas é à sua insignificância perante o universo,
apercebam-se da sua efemeridade e fragilidade e não queiram impor regras sobre
aquilo que não dominam.
O dia divide-se em duas partes iguais, marcadas pela altura
sol! E o meio dia é quando o sol está mais alto!
Já basta, nisso de alterarem datas e calendários, terem anulado
a importância da celebração ancestral do solstício de inverno de 22 de dezembro
(no hemisfério norte) para o natal uns dias depois.
By me
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