segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Ficção ou antecipação?




George Orwell descreveu, na sua obra-prima “1984”, uma sociedade totalitária.
Ao que consta, baseou-a nas sociedades alemãs, russas e britânicas do pré e  pós-guerra, já que a escreveu em 1948.
Um dos aspectos descritos era o incentivo à denúncia de tudo o que fosse fora dos costumes e ditames governamentais. Recordo, e não o leio ou vejo há anos, que os jovens estavam obrigatoriamente inscritos em organizações infanto-juvenis, ao género dos pioneiros ou escoteiros, onde eram catequisados nas leis e morais estatais. E onde lhes era dito que a denúncia era um dever, mesmo que incluísse pais ou irmãos.
Infelizmente esta obra literária, mais tarde adaptada a cinema, mais que visionária acaba por vir a tornar-se realidade aqui e ali. E o “aqui e ali” é já no país-irmão, onde uma deputada incentiva os estudantes a infringir a lei que proíbe o uso de registo de imagens no interior das escolas para que se denuncie os professores que de algum modo propagandeiem ideias ou ideais contrárias ou não alinhadas com o novel presidente e seu apaniguados.
O totalitarismo (de direita, de esquerda, de cima ou de baixo) é sempre perigoso.
Infelizmente, “A democracia é o pior sistema que existe se excluirmos todos os outros!” E o que aconteceu no Brasil, e continuará a acontecer, é o resultado da Democracia. Mas de uma democracia desinformada, que vive de emoções fortes e reagindo ao imediato e a propaganda demagógica, sem ponderar consequências a médio ou longo prazo.
Não podemos ignorar o “efeito borboleta”. E uns bater de asas nas américas, outros na europa, outros na ásia, outros ainda na áfrica acabará, p’la certa, por criar um tufão incontornável e apocalíptico.



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