Tenho para mim que os trabalhos de graffiti têm diversas
vertentes sob as quais podem ser analisados e apreciados.
Para além das questões de estética (óbvias), de mensagem
(não tão óbvias nalguns casos) e de irreverência ao ocupar uma superfície sem
autorização do seu dono (o que nem sempre será verdade), haverá que pensar em:
- Um graffiti numa parede virada para a rua é vista por
todos, sem distinção de classe social. Não está guardada numa galeria privada
ou museu. O seu disfrute é igualitário e não objecto de autorizações ou
pagamentos.
- Uma obra pintada numa parede exposta ao sol e à chuva é
efémera. Mais duradoira que desenhos a giz no chão ou em areia, existe enquanto
as cores ou relevos não forem minimizadas ou anuladas pelos elementos. Ou pelo
dono da edificação. Ou o suporte ruir.
Quando Banksy reproduziu para tela um trabalho seu conhecido
como sendo um graffiti estaria a subverter esses conceitos de “democracia” no
desfrute e de efemeridade. E não nos esqueçamos que em 2014 um muro com um
trabalho seu foi removido por inteiro em Cheltenham, Ingraterra, para fazer
parte de uma colecção particular.
Acredito que a destruição parcial de uma tela com uma
reprodução de um trabalho seu tenha sido uma forma de contestação à
privatização da arte em geral e da sua em particular. Mas nada há que mo
confirme que não o meu próprio desejo que assim tenha sido.
Genial!
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