Ele tinha emigrado
para o Brasil. Por lá fez família e fortuna. E regressou com ambas.
Algures no interior,
ali para os lados de Viseu, comprou terras e construiu uma quinta. Grande.
Casa senhorial, ao
estilo do Brasil, o que não lhe dava grande conforto de Inverno, casas para
quem com ele trabalhava, celeiros, estábulos… Nem faltou uma capela, nessa sua
quinta, como era então hábito de quem tinha posses, era crente e gostava de se
exibir.
E ele gostava
mesmo de se exibir, pese embora o cerca de metro e meio que media.
De tal modo que a
sua capela tinha a porta exactamente da sua altura. Ao que sei, tinha que tirar
o chapéu, coisa normal numa igreja, para que nela não batesse.
Claro está que era
o único que entrava na capela de cabeça erguida. Todos os demais,
trabalhadores, familiares e visitas, tinham que se curvar onde ele entrava
direito.
Esta história, que
tenho por verídica por ter visto a dita quinta e capela, passou-se com um
antepassado de um amigo e mestre meu. E se a sei foi porque decidimos um dia
acampar no que restava daquela propriedade para tentar reproduzir as
fotografias que existiam de quando a quinta era viva e vivida.
Dela restam
ruínas, que os descendentes trataram de malbaratar a fortuna, repartindo
terrenos e gastando à tripa forra. Ao meu amigo e mestre chegou apenas a memória
contada de boca em boca, alguns registos eclesiásticos e nada mais. Nem um cêntimo.
Ou mesmo a escassa altura do seu antepassado.
Não, não tenho os
registos do que fizemos. As fotografias ficaram com esse meu amigo, entretanto
falecido, e perdi-lhes o rasto.
By me
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