A questão surgiu
numa consulta de rotina.
Tinha-me eu
despido perante a médica, que o exame assim o exigia. Passados minutos, já eu
vestido, fomos interrompidos por uma outra médica que vinha saber já nem sei de
quê. E que irrompeu pelo gabinete sem sequer ter perguntado se podia.
Quando saiu, a
minha médica pediu-me desculpa pela colega e por não ter trancado a porta
aquando do exame. Que era a minha privacidade que estava em causa.
Confesso que é um
tipo de privacidade à qual pouca atenção dou. Não ando a exibir-me, é certo,
mas o corpo é o corpo, sem mais modéstias ou diferenças que qualquer outro.
Já a privacidade
dos pensamentos, que são muito meus e fruto de aturado trabalho, é-me muito
querida. Guardo-os com o mais recatado pudor, só exibindo ou expondo os que
entendo por cordatos ou suficientemente agitadores para mudar algo.
E é divertido ver
como a maior parte das pessoas recata o corpo, fazendo um escândalo tremendo se
um pedaço de pele a mais fica visível, mas nada faz para guardar os seus
pensamentos, por vezes bem pérfidos ou obscenos.
As redes sociais são
um bom exemplo disto.
By me
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